Entrevista Paulo André para Cosme Rímoli

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Diretamente da China, o zagueiro Paulo André, um dos líderes do Bom Senso FC, respondeu por escrito às perguntas do repórter Cosme Rimoli, que as publicou em seu blog, aqui reproduzidas:





Você era o grande líder do Bom Senso no país. Quem melhor se expressava. Teve proposta para ir jogar na Itália, não foi. Depois acerta com a China, logo depois da invasão de vândalos no Corinthians. Tudo ficou solto e parecendo represália sua pela maneira com que o futebol é conduzido no seu ex-clube, no Brasil…

Eu já havia recebido duas ofertas da Europa e estava pesando os prós e os contras desde dezembro. A paixão pelo Corinthians, a minha história no clube, a qualidade de vida que eu tinha em São Paulo e a luta pelo Bom Senso me faziam ter a certeza de que não seria 50 mil a mais ou 50 mil a menos que me fariam largar tudo e ir embora para outro país. No dia 10 de janeiro entrei na sala do Mano Menezes e expus com transparencia o que estava acontecendo. Eu estava com 30 anos, havia tido lesões sérias ao longo da minha carreira e eu precisava de uma posição dele e do clube quanto a prorrogação do meu contrato. Deixei claro que eu não estava ali para pedir aumento. Eu queria estender o contrato para ter estabilidade já que os italianos me ofereciam dois anos e meio de contrato e no Corinthians eu tinha apenas mais onze meses. A renovação ou a saída representavam, provavelmente, meu “último bom contrato” e como eu havia terminado 2013 muito bem, era a hora de fazer isso. Edu Gaspar recebeu meu empresário e pediu uma semana para dar uma resposta. Por confiar demais, esperei até o dia 31 de janeiro, a janela de transferencias para a Europa se fechou e consequentemente acabei perdendo o negócio. Então quando surgiu a proposta da China, estava muito claro para mim o que eu deveria fazer. Fui ao clube e pedi para ser liberado. O pior cego é aquele que não ver ver. Simples assim.

Que sentimento domina a sua alma ao saber que só três pessoas foram detidas entre as quase 200 que invadiram o CT do Corinthians? E elas acabam de ser liberadas, com o juiz garantindo que elas só queriam mostrar seu amor ao clube? Sinceramente…

É a porra do Brasil, como diria Renato Russo. A declaração do juiz foi desastrosa, ele não tem ideia do que passamos naquele fatídico dia. Ele está incentivando novas ações como essa. É uma vergonha. A impunidade é o grande mal do nosso país. Essa semana o presidente do Comercial de Ribeirão Preto deu entrevista dizendo que não pagaria seus atletas, seu segurança ameaçou os jogadores com uma arma e nada vai acontecer. Precisa de mais alguma confissão para o cara ser banido do futebol? E ainda veremos mais 3 ou 4 casos de ameaças e agressão a atletas de futebol no Brasil esse ano. Pode escrever. Até o dia em que alguém morrer. Daí aparece um promotor/justiceiro para cuidar do caso. O Brasil é o país do deixa para depois que a gente resolve. Lembre-se de uma coisa: todos os anos quatro times cairão, outros tantos irão jogar muito abaixo das expectativas e apenas um será campeão. Só não assino um papel em branco com essa informação porque quem organiza o campeonato é a CBF e nunca se sabe quantos clubes cairão de verdade.

Por que os treinadores de grandes times e mesmo o Felipão não aderem ao calendário apresentado pelo Bom Senso?

Os treinadores de grandes times aderiram ao Bom Senso. Inclusive participaram do video que o movimento produziu no inicio do ano. Muricy Ramalho, Gilson Kleina, Oswaldo de Oliveira, Vagner Mancini, Renato Gaúcho, Tite e muitos outros apoiaram o movimento publicamente. E agora temos o apoio da Federação dos Treinados e da Associação dos Executivos de futebol. Ou seja, não é possivel que esse tripé que vivencia diariamente o futebol esteja falando besteira e apoiando o lado errado. Eles, historicamente, nunca entraram nesse tipo de discussão e sabemos que não entrariam se não tivessem certeza do que estão defendendo. Mas CBF e as Federações não dão a mínima para isso.

Na proposta apresentada pelo Bom Senso, com até Série E, haverá milhares de jogos entre equipes muito pequenas. Mas que não despertam o menor interesse. Com estádios vazios, como os clubes pagarão esses 12 mil jogadores?

Cosme, o Bom Senso está preparando essa resposta para dar de forma oficial. Então não vou adiantar nada aqui, tudo bem?

No começo muita gente considerava o BS um movimento elitista. Mas os clubes grandes não são os grandes massacrados no calendário brasileiro nas últimas décadas?
Todos os clubes tem sido massacrados. Uns porque jogam demais e outros porque jogam de menos. Só algumas poucas pessoas continuam ganhando com esse caos ao longo de todo esse tempo. O que não entendo é porque os clubes tem tanto medo de retaliação. Parece que estão se posicionando contra a máfia nos seus tempos aureos. Quando os clubes entenderem que vendem o mesmo produto e que são aliados fora de campo, veremos uma luz no fim do túnel. Não há Grêmio sem Inter ou Inter sem Grêmio. Não há Atlético sem Coritiba ou Coritiba sem Atlético. E assim por diante…

Há como fazer um calendário decente sem afetar o desejo da televisão? Seja a Globo ou quem for a dona dos direitos de transmissão não irá pensar primeiro na sua grade de programação?

Mas essa é uma questão clara. A Globo está no negócio para ganhar dinheiro. Ela não quer saber se os jogadores recebem em dia, se a qualidade está boa ou poderia ser melhorada, muito menos se os estádios estão cheios. E o pior é que ela está no direito dela. Quanto mais endividados e dependentes forem os clubes, menos ela pagará pelo campeonato e mais mandará em tudo. O que eu não entendo é a CBF não se preocupar com tudo que envolve o futebol brasileiro. Desde a qualidade dos gramados, a iluminação dos estádios, as instalações da imprensa, a segurança dos torcedores, o horário de jogos, a super dependência de seus filiados aos direitos de transmissão da TV, o adiantamento descabido desses direitos, a falta do pagamento aos atletas, a falta de pagamento dos impostos ao governo, a capacitação de gestores e treinadores que ditarão os rumos do nosso futebol, a formação de novos atletas à moda brasileira, etc… Ela diz não ter nada a ver com tudo isso. Tem que ficar claro que a CBF tem uma responsabilidade gerencial e social sobre o futebol que é estatutária, ela não pode se fazer de simples intermediária e se isentar de mexer nas feridas ou de desenvolver soluções para os nossos problemas. Até porque o resultado de tudo isso é o afastamento de pessoas e empresas sérias do meio do futebol e a desvalorização do produto final que é razão da existencia da própria entidade. Mas como a Seleção vai bem, e vende patrocinio a torto e a direito, que se danem os outros. Quanto ao calendário, não existe um ideal mas há muitos que são melhores do que o atual e dá pra trabalhar com a TV num modelo ganha-ganha. Basta vontade política para tal.

Adequar o calendário brasileiro ao europeu não seria muito melhor aos clubes grandes?
Sem dúvida nenhuma. Essa é uma opinião pessoal minha. Para fortalecer o futebol brasileiro, aumentar o intercambio de experiencias e a visibilidade dos nossos clubes lá fora, é necessário adequar o nosso calendário. O primeiro problema é que mexer nesse vespeiro é ir diretamente para o choque com a TV GLOBO. O Marcelo Campos Pinto diz que dezembro e janeiro a audiencia do futebol é muito baixa e isso ocasionaria uma redução das cotas dos anunciantes. Consequentemente o direito de transmissão pago aos clubes seria menor. É assim que se emperra a máquina. Os clubes não querem menos dinheiro no curto prazo e então ninguém se mexe a partir dessa primeira questão. Isso é verdade? Há números que comprovam isso? O que explica o sucesso da Premier Ligue? E o segundo grande problema é que teria que haver uma completa mudança nas datas da Comenbol já que historicamente as datas da Copa Libertadores avançam até julho, enquanto na Europa as competições se encerram no final de maio. A Comenbol é outra parada dura. Teríamos que convencer a CBF a peitar a Globo e a Comenbol de uma só vez. Estudamos isso incansavelmente e preferimos propor, devido a urgência da necessidade, um calendário customizado, com pouquíssimas alterações nas principais competições e que pudesse ser aplicado ou implementado apenas com a decisão da CBF e dos clubes brasileiros, sem atrapalhar a TV Globo.

As Copas Estaduais propostas pelo Bom Senso não estão sendo levadas em consideração pelos presidentes de federações. Eles não abrem mão da base que os possibilita ficar no poder: os clubes pequenos. E agora?
Já passou da hora dos clubes pequenos se rebelarem. Até quando vão aguentar isso que lhes é oferecido? Conversei com vários presidentes, nenhum deles está feliz. Mas aí você vê que os presidentes das federações se mantém no cargo por aclamação. Alguma coisa está errada, não? Os clubes juntos tem muita força mas a desunião deles é que sustenta o poder das federações. Enquanto cinco ou seis aceitam o risco da mudança, 20 ou 30 encostam nas federações para conseguir vantagens, empréstimos etc… E vivem essa vida modorrenta de jogar três meses por ano. É um modelo fadado ao fracasso, infelizmente.

Os jogadores têm medo de optar pela greve? Vocês não deixaram o trem passar logo depois da invasão ao CT do Corinthians? Foram sabotados pelos clubes do interior? Os jogadores não tiveram coragem de enfrentar os dirigentes que os ameaçavam de demissão? Ou dentro do Corinthians houve atletas que não queriam greve para não ter mais problemas com torcedores como o Emerson?
Dentre os jogadores do Corinthians, sustentamos (todos) a paralisação até domingo as 13:30h (o jogo estava marcado para as 16h) mas o clube não estava com a gente. O diretoria estava com medo das possíveis punições. Não nos sentimos respaldados e acabamos cedendo muito mais pelo desespero nos olhos dos amigos da diretoria do que pela nossa vontade de ir para o jogo. E essa posição da diretoria do Corinthians após a invasão do CT acabou por não convencer atletas importantes de outros times de que deveríamos parar. Esses jogadores pediam uma posição mais firme para que pudessem bancar os riscos de uma greve que se apresentava sem suporte legal. E sem a adesão dos jogadores de renome, não havia como pedir para que os atletas do interior parassem também. Há de se lembrar que os atletas do interior foram extremamente pressionados por seus presidentes (que receberam, um a um, ligação direta do Sr. Marco Polo Del Nero) e preferiram não colocar em risco suas carreiras e seus futuros naquele momento. Quem propôs a greve foi o sindicato dos atletas de são paulo. O Bom Senso não se pronunciou oficialmente naquele momento já que havia decidido que não atrapalharia o andamento dos estaduais pois essa é a única opção de milhares de atletas jogarem, receberem e aparecerem para os grandes clubes. Mas a meu ver, a greve será a única solução para pressionar o status quo a buscar soluções no curto prazo.

O movimento Bom Senso não buscou o apoio de jogadores jovens e importantes como Neymar, Oscar, Lucas, Ganso? Ou eles não se interessaram? A principal ‘acusação’ de membros da CBF e até de gente como Eurico Miranda é que o movimento é de jogadores ricos e em final de carreira, que só querem atenção perto de largar o futebol e sonham em ser dirigentes, políticos?

Você deve se lembrar que quando houve greve na Espanha, há dois anos, quem estava sentado na mesa de negociação e quem dava as caras na imprensa eram oito dos principais jogadores da seleção espanhola. Foram eles que tomaram a frente do processo e disseram que não entrariam em campo em solidariedade aos demais companheiros de outros clubes que estavam com salários atrasados. Na NBA há alguns anos a greve também foi comandada pelos seis principais jogadores da liga. Não tenho dúvida de que apenas os grandes jogadores, com prestigio e história é que podem sustentar uma posição de confrontação com as entidades. Esse tipo de atleta não será ameaçado ou retaliado descaradamente. Todos os outros serão, sabemos disso. Quanto aos jovens, o movimento é democrático, é público. Entra quem quer. Ninguém é forçado a nada. Quando éramos jovens também não participamos ou não participávamos das principais decisões porque tínhamos medo de retaliação, porque estávamos preocupados com a nossa carreira e com as nossas oportunidades. A geração anterior a nossa era alienada ou desinteressada e não parou um segundo para pensar nos que vinham depois deles. Alguns estão na TV hoje, falando abobrinhas como se tivessem feito alguma coisa importante (extra campo) quando tinham notoriedade e representatividade para tal. Já Neymar, Lucas e Oscar estão estabilizados financeiramente mas tem uma Copa do Mundo pela frente e os outros jovens, instáveis economicamente, não discutirão com os poderosos nem se posicionarão contra eles. É mais do que entendível isso. Mas é oportunista a CBF e os Euricos dizerem que o movimento é de velhos que querem atenção. Parece que estão falando de si próprios. É uma tentativa ridícula de ludibriar o publico para mascarar sua inoperancia administrativa e o desrespeito para com as estrelas que produzem, com suor e trabalho, o futebol brasileiro. Freud explica. Só se tem medo do que há dentro de voce. Como eles têm muitos interesses nos cargos políticos do futebol, eles acreditam que todas as outras pessoas também devam ter. Então será impossível explicar-lhes ou faze-los entender que um bando de atletas consagrados representando mais de mil jogadores resolveu contribuir com o aperfeiçoamento do esporte no país, por paixão e vontade de deixar um caminho mais saudável para quem está por vir. Diferentemente dos atletas, esses personagens não são os produtores mas sim, os exploradores do futebol brasileiro. E exatamente por esse motivo, não dá pra entender como a CBF e as Federações (que vivem do espetáculo produzido pelos atletas) desrespeitam os jogadores e não dão a mínima para suas opiniões e experiências. Estamos falando do Dida, Alex, Rogério Ceni, Juninho Pernambucano, Seedorf, Juan, D’Alessandro, Gilberto Silva, Fernando Prass, Barcos, Lucio Flavio, e tantos outros…. Quem são Marin e Marco Polo? Quem é Novelletto para falar uma asneira por semana? Tiveram sucesso em suas administrações? O interior de São Paulo está jogado as traças. O interior do Rio Grande do Sul nem se fala. É esse modelo atual que eles defendem? Me parece que sim porque estão todos muito satisfeitos. São verdadeiros dinossauros que não fazem ideia do que acontece no futebol atual mas que estão dispostos a tudo para continuar a mamar nas tetas da vaca. E o povo, revoltado com a sua própria desgraça diária em um país que não oferece o mínimo necessário, ao invés de perceber a força e a importância desse movimento (como exemplo) para a sociedade que precisa reclamar coisas mais importantes (evidentemente), trata de gastar energia para discriminar alguns atletas (2% do total) que recebem salários privilegiados. Só que por ignorância esse mesmo povo aceita passivamente a exploração e a má gestão do produto que ele ama e consome. Isso sim é uma coisa de maluco para mim!

Sua ida à China enfraqueceu o movimento. Alex está muito mais contido do que no início do movimento. Falta carisma ao Dida e ao Fernando Prass. Rogério Ceni mais desabafa do que propõe. Você ficou dividido entre o sucesso financeiro da transferência ao Oriente e sua importância no futuro do futebol brasileiro?
Acho que expliquei isso na primeira resposta.

No Corinthians eu havia descoberto um desconforto à sua permanência. Mano não queria que você fizesse o 
time perder o foco do futebol. Mario Gobbi, rompido com Andrés, queria ficar mais perto de Marin. A sua presença atrapalhava. Você percebeu o cenário?

O que percebi é que eles não propuseram uma prorrogação do contrato. Quais os motivos para isso eu não sei. Quanto ao Mano, ele havia conversado comigo sobre as entrevistas. Eu havia dito que tomaria cuidado para não atrapalhar o grupo mas que o meu caminho de contestação e de exposição não tinha mais volta. Eu durmo tranquilo todos os dias porque não deixei, em momento nenhum, de seguir a mesma linha de conduta de quando iniciei minhas críticas ao Ricardo Teixeira lá atrás.

Você ficará dois anos na China. Terá 32 anos, quer voltar para jogar no Brasil ou tentará ser dirigente, político?
Não sei. Aprendi que fazer planos é uma perda de tempo irrecuperável para a nossa vida. Nunca acertamos o que será de nós.

Muita gente repetiu que o Brasil é um país que não abre espaço para jogadores revolucionários, intelectuais. Foi assim com Afonsinho, Sócrates. Você está sentindo na pele essa situação?

Eu não ouso me comparar a esses craques da bola e do pensamento. Acho que eles atuaram em um momento muito mais dificil que o atual e foram extremamente corajosos e inteligentes. Colhem, merecidamente, os frutos de suas boas atitudes até hoje. Mas não é só no futebol que o povo não abre espaço. O nosso país é o que é porque falta educação de qualidade ao povo. Quem sabe se tivermos mais exemplos de pessoas com notoriedade e representatividade (como vem fazendo os principais jogadores do país com o movimento do Bom Senso) consigamos disseminar a importancia de se participar de ações que visam a discussão e o aprimoramento de tudo que não funciona bem no Brasil. Uma coisa é certa, não adianta ficar em casa com a bunda na cadeira reclamando que a vida é uma porcaria.

Você tem consciência que sua saída do Brasil frustrou muita gente que começava a aderir ao Bom Senso? E por outro lado proporcionou festas na CBF e o sentimento de alívio em vários dirigentes? Você era visto como uma ameaça ao sistema.

As pessoas que aderiram ao Bom Senso continuam acreditando e contribuindo com o movimento. Elas não estavam lá por mim mas porque acreditam na causa e nos valores que defendemos. E assim continuará sendo.

Qual a sua real análise da Copa no Brasil? Qual o legado que ficará para o país? Para os jogadores? O que mudará se o Brasil vencer ou perder o Mundial? Muita gente acredita que será o caos ao futebol interno uma derrota. Concorda?

O futebol brasileiro está quebrado. O mercado foi inflacionado desde o último contrato que a Globo pagou pelos direitos de TV. Os clubes gastaram muito mais do que podiam e agora estão adiantando as receitas de 2015 e 2016. A maioria está com salários ou com os direitos de imagem atrasados. A Copa do mundo deixará estádios lindos que foram construídos com muito dinheiro público. A manutenção desses estádios é uma incognita. Os gastos foram absurdos e abusivos, nenhuma cidade sede entregará o que prometeu. Os legados sociais e esportivos são minimos para a sociedade. Ou seja, não muda nada. Deixamos o bonde da história passar. Quanto ao resultado da Seleção, torço pelos jogadores. Eles receberão uma pressão absurda. Espero que tenham discernimento e suportem bem essa cobrança para que consigam fazer grandes jogos. Há muita coisa em jogo, não se trata só de futebol. O que se repete é que os cavalos de corrida é que terão que carregar toda essa carga no mês de junho.

Qual é o país que adota o melhor calendário para o futebol?
Os países europeus, sem dúvida.

A participação da imprensa está sendo favorável ao Bom Senso? Ou muitos não conseguem entender a sua importância?

A maior parte da imprensa me parece favorável ao movimento. Que cada um contribua da forma que puder. Todos, inclusive a imprensa, tem muito a ganhar com a melhora do espetáculo e do futebol brasileiro.

Dirigentes afirmam que o BS não aceita um teto salarial. É justo ou não fixar um teto para os jogadores?

Em primeiro lugar, o Bom Senso nunca falou sobre este tema com ninguém. O movimento fala sobre jogo limpo financeiro e calendário. Só. Se o jogo limpo financeiro for implantado, os novos contratos serão reajustados de acordo com o mercado e sua realidade. Os jogadores apoiam essa medida. Deu pra entender? Os jogadores sabem que há um risco de redução dos valores mas preferem receber menos para receber em dia. E em segundo lugar, e aqui vai a minha opinião, o mercado ou os bons gestores sabem que há um limite na folha de pagamento que deve ser proporcional a arrecadação do clube. Se o clube arrecada mais, pode pagar mais. Se o clube arrecada menos, deve pagar menos. Todo clube tem uma oscilação de receita dependendo do resultado esportivo do ano anterior, bilheteria, etc… Por isso o valor do “custo futebol”, dizem os especialistas, não deve passar de 70% da receita total. Ou seja, o clube oferece o contrato que quiser para o atleta. Posso pedir um milhão, se ninguém me pagar isso vou ter que reduzir, reduzir, reduzir até achar um valor justo. Só que tem muito dirigente torcedor que na hora do desespero faz cagada e depois põe a culpa no atleta. Chegou a hora de melhorar a política de contratação e de manutenção de elenco. Sou a favor dos contratos por produção. Isso é feita na Europa há décadas e pouquíssimos clubes fazem no Brasil. Que cada gestor consiga montar o melhor elenco possível com o dinheiro que tem. Ah, e outra coisa, jornalistas, empresários e artistas tem teto salarial? Isso é história pra boi dormir.

Você está escrevendo um livro sobre o BS? Seria interessante demais mostrar o quanto é difícil mudar os paradigmas do futebol neste país.
Não estou escrevendo não. Quem sabe um dia. Nesse momento meu foco é aprender mandarim, jogar bem, dar suporte ao Bom Senso e aproveitar a vida na China. Isso toma todo o meu tempo, posso te garantir.

Qual o motivo da violência dos torcedores. O que pensa da atual legislação? Por que tanta impunidade?

Pulei essa.

O quanto você e sua família sofreram com sua postura firme de tomar à frente dessa revolução no futebol brasileiro?

Sinceramente, não sofri nada. Fiz tudo de peito aberto, acreditando piamente no que estava fazendo. Faria tudo de novo. E minha família diz ter muito orgulho. Nos piores dias os amigos mais próximos me ligavam, estavam preocupados com toda a exposição e eu lhes dizia: Estou feliz. Tenho tanta convicção do que estou falando e sei que estou fazendo o que é certo que durmo feito uma criança a noite. Sabem por que? Porque não passo um pingo de vontade. Digo o que penso e defendo os meus ideias utilizando todo o conhecimento e experiência que adquiri aos longo desses 16 anos de futebol. Voces sabem o que é isso? Eu lhes perguntava. E eles diziam que eu era um louco. E por fim eu sempre dizia a mesma coisa – como naquela música que não lembro o cantor – louco é quem não é feliz. Pensando bem, foi exatamente isso que o Doutor 

Andrés Sanchez foi o centro das atenções no primeiro treino do Corinthians no bilionário Itaquerão. O padre Rosalvino agradeceu a Deus pela imponente arena na Zona Leste. Errou. Deus não tem nada a ver com a obra. Muito pelo contrário…


4ae1 Andrés Sanchez foi o centro das atenções no primeiro treino do Corinthians no bilionário Itaquerão. O padre Rosalvino agradeceu a Deus pela imponente arena na Zona Leste. Errou. Deus não tem nada a ver com a obra. Muito pelo contrário...
15 de março de 2014...
Foram 103 anos e sete meses de espera.
Mas os jogadores puderam pisar em um estádio à altura do clube.
Não o acanhado Parque São Jorge.
Mas o imponente Itaquerão.
Sede da abertura da Copa do Mundo de 2014.
A cerimônia foi bela e irreverente.
Os jogadores se mostravam espantados com o luxo das dependências.
Com o caríssimo mármore dominando a arena.
Até nos vestiários.
Tudo para orgulhar o corintiano.
O gramado é maravilhoso, digno da Champions League.
A cerimônia foi teatral e muito bonita.
Os torcedores foram impedidos de entrar.
Quem sentou nas arquibancadas foram os operários que construíram o estádio.
No gramado, Andrés Sanchez foi o mestre de cerimônia.
E não mestre de obra, como provoca Juvenal Juvêncio.
Foi ele quem apresentou o estádio aos jogadores, ao parceiro Mano Menezes.
O padre Rosalvino rezou, atletas, dirigentes e Mano deram as mãos.
E rezaram em homenagem ao sonho realizado.
Assim que acabou a reza, o hino do Corinthians foi a trilha sonora.
A bola começava a rolar, o padre Rosalino resolveu abençoar a todos.
Espergiu água benta nos jogadores, em Andrés, na imprensa.
Aos jornalistas ainda fez questão de dizer.
"Quero agradecer a Deus por esta bênção.
Este estádio maravilhoso que veio para ficar em Itaquera."
Aí é que está o problema.
Deus não pode ser considerado o responsável pelo Itaquerão.
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Ele só saiu pela esperteza e pelos contatos importantes de Andrés Sanchez.
Graças à sua amizade com Ricardo Teixeira, com executivos da Globo e Lula.
As três forças juntas conseguiram passar facilmente para trás Juvenal.
E o Morumbi foi esquecido.
Em vez da reforma de R$ 400 milhões.
Um novo estádio para São Paulo, de mais de R$ 1 bilhão.
A cidade já contava com o Morumbi, Pacaembu, Palestra Itália e Canindé.
Mas pouco importava.
Andrés queria entrar na história e conseguiu.
Foi muito mais hábil do que históricos presidente corintianos.
Que conseguiram apenas mostrar maquetes de arenas que nunca foram construídas.
Parceiros riquíssimos também ficaram pelo meio do caminho.
Hicks e Muse e MSI foram os mais significativos.
Só que o dinheiro americano e o russo não conseguiram fazer a obra.
2divulgacao Andrés Sanchez foi o centro das atenções no primeiro treino do Corinthians no bilionário Itaquerão. O padre Rosalvino agradeceu a Deus pela imponente arena na Zona Leste. Errou. Deus não tem nada a ver com a obra. Muito pelo contrário...
Andrés conseguiu amarrar o Corinthians às benesses da Copa do Mundo.
O dinheiro público chegou de todos os lados no Itaquerão.

Prefeitura, governo estadual e, principalmente, BNDES.
A construtora favorita de Lula tocou a obra: a Odebrecht.
O Corinthians teve acesso a facilidades de pagamentos absurdos.
Negócio fantástico.
A Copa do Mundo foi a desculpa perfeita.
O dinheiro público auxiliando um clube particular seria escandaloso.
Mas não no Mundial de Blatt e Volcke.
Em vez do hino do Corinthians, o som de Vale Tudo do Tim Maia combinaria.
Há facilidade de pagamento, mas a transação é complicada.
O Corinthians vai ceder a um fundo imobiliário, por 30 anos, o terreno de Itaquera.
O fundo imobiliário será gerido pela instituição financeira BRL Trust.
A bilheteria de seus jogos, as receitas com placas e lojas.
Além do nome e símbolo do clube para uso no Itaquerão.
A arena poderá arrecadar até R$ 100 milhões ao ano.
Com locações de cadeiras cativas e camarotes.
O clube se obrigou a atuar pelo menos 90% das vezes na arena.
Os outros 10% poderá negociar, quando tiver o mando doas jogos.
A diretoria deixa claro que tomará os grandes shows do Morumbi.
Há dois anos, Andrés vem tentando em vão vender o naming rights do Itaquerão.
Ele pede R$ 400 milhões por vinte anos.
Muito se especulou e até agora, nada.
O dirigente já tem até acordo amarrado com a TV Globo para facilitar a transação.
Por uma porcentagem, provavelmente 10%, a emissora falará o nome do patrocinador.
Esse era um grande obstáculo na venda do batismo do Itaquerão.
No primeiro treino da história na arena ficou claro o racha político no clube.
Mario Gobbi não apareceu com o time.
O presidente é cria política de Andrés.
Mas andou se rebelando, não querendo mais a interferência do seu mentor.
Não foi por acaso que Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves saíram.
Gobbi efetivou o seu auxiliar Ronaldo Ximenes no cargo.
O presidente deixou claro que a partir deste ano, o clube era dele.
E o Itaquerão, de Andrés.
Assim foi feito.
Por isso, Gobbi não esteve no importantíssimo treinamento.
A festa foi toda de quem mereceu.
O estádio só existe graças a ele.
Com tudo de bom e de ruim que o Itaquerão traz.
Na festa do primeiro treino foi vergonhosa a omissão.
Ronaldo Oliveira dos Santos e Fábio Luiz Pereira morreram durante a obra.
Sofreram as consequências de terrível acidente.
Envolvendo um guindaste e um módulo de 420 toneladas.
Infelizmente eles não puderam assistir ao treino.
Ou receber a bênção do padre Rosalino.
Mas deveriam sim ser lembrados.
Só que a hora no Corinthians é para festa.
Celebrar, mostrar a todos seu estádio bilionário.
E que estará no centro das atenções do mundo em 12 de junho.
Recebendo Ricky Martin, Brasil e Croácia.
Abrindo a Copa no Brasil.
Privilégio que orgulha qualquer corintiano.
Principalmente Andrés.
Ele já avisou que voltará à presidência do clube em 2018.
Para 'quebrar a CBF'.
E também para desfrutar o estádio bilionário que seu clube herdará.
Assim que acabar a Copa, o Itaquerão será todo do Corinthians.
Pagará o fundo imobiliário que emprestou o dinheiro.
E ainda, de acordo com o dirigente, sobrará muita verba.
Por isso ele estava tão sorridente hoje.
Foi o centro das atenções.
Com todo o mérito.
E também porque Ricardo Teixeira não poderia estar.
Banido do futebol brasileiro, não seria de bom tom.
Assim como também pegaria mal para o ex-presidente Lula.
Seu envolvimento com o estádio de seu clube de coração todos já sabem.
Os executivos globais são discretos demais para comparecer.
Assim como Kassab e Alckmin.
É, padre Rosalvino, o senhor se enganou.
Não foi Deus quem mandou a arena bilionária para a Zona Leste paulista.
O Itaquerão é obra da mente e esperteza do senhor Andrés Sanchez.
E de seus poderosos amigos...
2ae4 Andrés Sanchez foi o centro das atenções no primeiro treino do Corinthians no bilionário Itaquerão. O padre Rosalvino agradeceu a Deus pela imponente arena na Zona Leste. Errou. Deus não tem nada a ver com a obra. Muito pelo contrário...

Uma imagem que ainda nos faz acreditar no futebol

NO FUTEBOL PODEMOS ENXERGAR TAMBÉM COM O CORAÇÃO




Por: Jean Vieira Em: 07 de março de 2014
É uma imagem que pode traduzir o sentimento mais puro que o futebol representa: a paixão incondicional. Não aquela paixão que muitos usam pra justificar atos de violências e covardia, mas aquela paixão que faz um senhor cego ir até o estádio, acompanhado de seu amigo fiel, para sentir as vibrações da arquibancada e mandar, da maneira mais verdadeira, sua torcida para dentro de campo.
E essa imagem, carregada dos mais diversos sentimentos, aparece para renovar as esperanças de que o futebol não é feito pelos selvagens que vemos toda semana nas arquibancadas e ao redor dos estádios chutando desconhecidos ou cometendo atos de racismo, mas sim por pessoas apaixonadas como esse senhor cego e seu cão-guia.
E também mostra que, nem sempre, os olhos conseguem enxergar tão bem quanto o coração. Viva o futebol!

Mais dois casos de racismo no Brasil, infelizmente.

“Macaco imundo. Volta para o circo. Tem de matar essa negrada.” Gritos ao árbitro Márcio Chagas em Bento Gonçalves na quarta-feira. “Macaco, macaco, macaco.” Gritos a Arouca em Mogi Mirim ontem. Só hipócritas fingem não ver o quanto é forte o racismo no futebol brasileiro…s

1divulgacao1 Macaco imundo. Volta para o circo. Tem de matar essa negrada. Gritos ao árbitro Márcio Chagas em Bento Gonçalves na quarta feira. Macaco, macaco, macaco. Gritos a Arouca em Mogi Mirim ontem. Só hipócritas fingem não ver o quanto é forte o racismo no futebol brasileiro...
"Macaco imundo. Preto safado."
"Volta para o circo."
"Tem de matar essa negrada."
Gritos da torcida em Bento Gonçalves na noite de quarta-feira.
O alvo, o árbitro Márcio Chagas da Silva.
No estacionamento, seu carro estava riscado amassado a chutes.
E com várias bananas em cima.
Humilhado, Marcio Chagas tirou fotos da situação vergonhosa.
Ao tentar ligar seu carro, ouviu um estouro.
Havia outras bananas no escapamento.
"Macaco, macaco, macaco."
Berravam torcedores do Mogi Mirim ontem à noite.
Arouca do Santos era a vítima dos insultos.
Duas situações que deixam claro a hipocrisia.
O Brasil é sim um país preconceituoso, racista.
Que se escandalizou com as ofensas a Tinga no Peru.
Quando torcedores do Real Garcilaso imitaram macacos quando Tinga pegavam na bola.
Ou quando uma banana foi oferecida a Roberto Carlos na Rússia em 2011.
Mas fez questão de se esquecer quando Danilo do Palmeiras em 2010.
Ele não só chamou Manuel do Atlético Paranaense de 'macaco'.
Ainda cuspiu no seu rosto.
O árbitro gaúcho ficou até aliviado ao chegar em casa.
Ele realmente pensou que poderia ser espancado em Bento Gonçalves.
"Percebi que corria um risco grave, que poderiam ter feito algo muito pior comigo. Não teve nenhuma polêmica no campo, o Esportivo até ganhou (3 a 2). Mesmo assim, torcedores gritavam "preto ladrão" e "volta para a selva" o tempo todo."
Além de 'tem de matar essa negrada'.
A situação aconteceu exatamente três semanas depois do episódio com Tinga.
Muito consciente, o volante do Cruzeiro desabafou.
"Todo mundo achou um absurdo o que fizeram comigo. Também vão achar um absurdo o que fizeram com o Márcio. Mas e daí? As punições são brandas, não acontece nada, ninguém leva a culpa. Vai seguir tudo igual."
A sua descrença ao Zero Hora tem razão de ser.
O futebol brasileiro é permissivo.
Aceita o preconceito racial.
O próprio Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção, errou feio.
Como técnico do Palmeiras tentou defender Danilo.
Disse que ofensas no gramado são normais, são coisas do jogo.
Não são.
1ecp Macaco imundo. Volta para o circo. Tem de matar essa negrada. Gritos ao árbitro Márcio Chagas em Bento Gonçalves na quarta feira. Macaco, macaco, macaco. Gritos a Arouca em Mogi Mirim ontem. Só hipócritas fingem não ver o quanto é forte o racismo no futebol brasileiro...
Essa postura só estimula ainda mais o preconceito racial.
Em 2011, o meia do Inter, Zé Roberto, foi humilhado.
Vários torcedores do Grêmio imitavam macaco quando ele participava da jogada.
A diretoria exigiu punição.
Ela não veio.
Ainda foi lembrado que a mulher de Zé Roberto também era negra.
E acabou obrigada a entrar em um prédio em Porto Alegre pela porta de serviço.
Pela cor da sua pele.
Mas muita gente não aceita essa estúpida situação.
O árbitro Márcio Chagas prometeu que não vai abaixar a cabeça.
"Eu preenchi a súmula, eu vou fazer o boletim de ocorrência ainda, porque não consegui fazer ontem. Fiquei bem abalado emocionalmente e não consegui fazer naquele momento, queria voltar o mais rápido possível para minha residência. Vou entrar em contato com o sindicato dos árbitros, para ver qual procedimento adotar. E esperar o julgamento da Federação Gaúcha de Futebol a esse fato lamentável."
Ele chorou ao contar a situação para a RBS.
"Quando me deparei com meu veículo com as portas amassadas e bananas por cima… banana no cano de descarga, eu fiquei muito decepcionado por ser tratado dessa forma, já que vivemos numa cidade relativamente educada e evoluída. Eu pensei no meu filho. Pensei: "Eu vou dar um beijo no meu filho" e dizer "cara, para ti isso não vai acontecer porque isso é muito ruim, é muito ruim."
2reproducao4 Macaco imundo. Volta para o circo. Tem de matar essa negrada. Gritos ao árbitro Márcio Chagas em Bento Gonçalves na quarta feira. Macaco, macaco, macaco. Gritos a Arouca em Mogi Mirim ontem. Só hipócritas fingem não ver o quanto é forte o racismo no futebol brasileiro...
Só que ele mesmo sabe que o que passou não é inédito.
Há nove anos ouviu as mesmas ofensas.
Na partida entre Encantado e Caxias.
O então treinador do Encantado, Danilo Mior, não teve dúvidas.
Se aproveitou do clima contra Márcio.
"Negrão coitado", disparou.
Foi suspenso apenas por 60 dias.
Só que as ofensas racistas vindas das arquibancadas nunca cessaram.
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"Isso sempre acontece na Serra Gaúcha. É muito difícil trabalhar lá."
Márcio revela que pensou em abandonar a carreira de árbitro.
O que aconteceu na noite de quarta-feira foi além dos seus limites.
Pensava só no Brasil racista que seu filho Miguel de dez anos vai encontrar.
A diretoria do Esportivo de Bento Gonçalves tomou uma providência.
Não, não descobriu quem colocou as bananas.
E nem quem teve fácil acesso ao carro do árbitro no estacionamento.
Soltou uma nota oficial dizendo que o juiz alegou ter recebido ofensas racistas.
Garantiu que vai investigar e ser contra qualquer atitude de racismo.
É assinada pelo seu presidente Luis Delano Lucchese Oselame.
A direção sabe que o clube deverá pagar pelos atos absurdos.
Mas a punição maior que o Esportivo pode sofrer é ridícula.
Branda demais.
O que só estimula novos atos racistas.
"Estou esperando ser publicada a súmula, ver o que consta na súmula. Mas o que consta na imprensa já dá indícios para denunciar o clube no artigo 243-g parágrafo 1º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, sobre racismo. Quando praticada por um considerado número de pessoas, o clube pode perder os pontos de uma vitória, nesse caso, os três pontos da partida. Vou pedir isso."
Três pontos...
É o máximo que o procurador Alberto Franco poderá conseguir.
Assim decreta o CBJD.
Talvez se os torcedores racistas tivessem dado uma surra...
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Ou feito coisa pior com o árbitro a pena fosse maior.
A mãe de todas esse atos repugnantes é a impunidade.
O futebol brasileiro continua tão hipócrita quanto no início do século passado.
Quando jogadores negros eram obrigados a colorir a pele com pó de arroz.
Tentar fingir ser brancos para poder entrar em campo.
Dilma Rousseff se disse chocada com o que aconteceu com Tinga no Peru.
Prometeu a Copa contra o Racismo.
Mas não tem a menor ideia do que se passa por aqui.
Ou os gritos de macacos para Márcio e Arouca são os únicos?
O Carnaval acabou há apenas três dias, o melhor talvez seja relaxar.
Lembrar de uma marchinha que resume bem a situação do Brasil.
Foi composta em 1931 por Lamartine Babo.
Vale o seu primeiro refrão, o mais lembrado.
Que foi muito cantado ainda este ano pelos blocos no país todo.
"O teu cabelo não nega mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega mulata
Mulata eu quero o teu amor."
Todos cantam felizes sem pensar.
Sem avaliar.
Só porque a cor 'não pega' que o sujeito quer o amor da mulata.
Lamartine Babo talvez fez muito mais.
Foi um compositor compulsivo.
Escreveu os hinos de Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense e América, Bangu.
Em uma estranha ironia misturou alegria, preconceito e futebol.
Resumo bem feito do nosso país.
Tirar três pontos do Esportivo por toda a humilhação feita a Marcio Chagas...
Será mais um tapa na cara da sociedade brasileira.
Só mais um.
1reproducao1 Macaco imundo. Volta para o circo. Tem de matar essa negrada. Gritos ao árbitro Márcio Chagas em Bento Gonçalves na quarta feira. Macaco, macaco, macaco. Gritos a Arouca em Mogi Mirim ontem. Só hipócritas fingem não ver o quanto é forte o racismo no futebol brasileiro...Outra vitória da hipocrisia, dos racistas...