Entrevista Paulo Capela em Relação a Copa do Mundo

O link do áudio abaixo é uma entrevista de Paulo Capela, o coordenador e fundador do GECUPOM Futebol, para o Centro de Auditores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul, no programa "Controle em Foco".

Entrevista Paulo Capela

Para quem não sabe, Capela, possui graduação em Educação Física pela UFPEL - Universidade Federal de Pelotas/RS- (1983), graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Católica de Pelotas/RS (1984), especialização em futebol pela UFPEL/RS(1988), especialização em Ciência da Preparação Física, Faculdades Integradas Castelo Branco/RJ (1993), e mestrado em Educação pela UFSC/SC - Universidade Federal de Santa Catarina- (1993). Atualmente é um dos Coordenadores do Núcleo de Pesquisa (CNPQ/UFSC) denominado Vitral Latino-Americano de Educação Física, Esportes e Saúde da UFSC onde coordena a linha de pesquisa GECUPOM/Futebol - Grupo de Estudos em Cultura Popular e de Movimento/Futebol, sendo também presidente do IELA - Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Física, Futebol, MST, Movimentos Sociais, Educação, Estudos Latino-Americanos e Políticas Públicas de Esportes e Lazer. (texto retirado de seu currículo lattes)

A novidade velha que reforça como andamos em círculo

Sai Enderson Moreira e entra Luiz Felipe Scolari. Sai um treinador promissor e entra um estagnado. Sai o novo e entra o velho no Grêmio. Mais do mesmo.
Enderson tinha, até a última rodada da Série A, a melhor defesa do Brasileirão. Tinha nas mãos um Grêmio competitivo, que apesar de algumas oscilações, fatalmente iria brigar por G-4. Na Libertadores, o treinador comandou a equipe com melhor campanha na primeira fase. Foi eliminado no mata-mata para um virtual finalista, o San Lorenzo. Antes, passara mais de dois anos fazendo um excelente trabalho no Goiás.
Pois bem. Enderson Moreira não teve força para aguentar a pressão. Acabou deixando o Grêmio após derrota em casa para o Coritiba. Acabava ali um trabalho promissor de um cara que representa bem o novo mercado de treinadores. Em seu lugar entra um técnico com retrospecto recente nada animador. Uma grife que parou no tempo.
Felipão é a aposta afetiva do Grêmio para tentar brigar na Série A. Uma escolha sem critério técnico, apenas emocional. Vale o amor, não o trabalho. Pode dar resultado? Claro. Mas é um recado bem ruim para o mercado de treinadores, que segue andando em círculos, sem evoluir. Dirigentes querem escudos. E torcedores querem um nome para gritar. Não importa a que preço.

Por Bruno Formiga.

Tudo como dantes no quartel de Abrantes


Nesta altura do campeonato, há exatos 19 anos, os seguintes times tinham os mesmos técnicos que têm agora:


Flamengo
Grêmio
São Paulo
Atlético Mineiro
Internacional
Quer dizer… nada a dizer.

Por Juca Kfouri.

Federações do Norte reproduzem inércia da CBF

Manaus -  Carente de craques, grandes times e torcedores, o futebol brasileiro já era alvo de questionamentos da imprensa e dos próprios atletas há alguns anos, mas a impressionante eliminação para a Alemanha na Copa do Mundo em casa trouxe à tona, de uma vez por todas, a discussão sobre a necessidade de renovação na gestão de clubes e entidades esportivas.
Mais antigos do País, os presidentes das federações de futebol do Norte, porém, não concordam. Com críticas exclusivas ao time de Felipão e até ao movimento Bom Senso FC, eles defendem a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e alegam que os problemas do principal esporte na região se resumem a falta de dinheiro.
Desde 2007 sem nenhum clube na Série A do Campeonato Brasileiro, a Região Norte, hoje, tem apenas dois times na Série C e o restante com vagas diretas na quarta e última divisão nacional, através dos estaduais.
Último campeão de um torneio nacional, o São Raimundo-PA, vencedor da Série D de 2009, hoje está na segunda divisão paraense. Acompanhando toda essa decadência, cada um dos sete Estados do Norte já contava com o mesmo dirigente no futebol há pelo menos 15 anos. Se somados os anos de cada um no cargo, são 182 temporadas de gestão.
Responsável por 40 anos nessa soma, José Gama Xaud, 69, em Roraima, é o presidente de federação estadual mais antigo do Brasil. Para ele, o futebol brasileiro não precisa ser repensado. Apenas a Seleção. “Esse negócio de mudança não existe. O que faltou foi meio-campo na Seleção. O que tem que existir é um técnico que pegue os valores que temos e forme um time forte. Não vejo (os 7 a 1 para a Alemanha) como uma derrota generalizada”, avaliou.
Zeca Xaud, como é mais conhecido em Roraima, diz que o longo período no cargo não é por resistência, mas sim por falta de “candidatos preparados”, na avaliação dele. “Nunca me candidatei. Se aparecesse alguém para assumir, eu passaria (o cargo), mas aparecem pessoas que me parecem não estar interessadas em futebol. Estão interessadas em assumir o cargo”, declarou.
Como justificativa para a inércia do futebol roraimense, Zaud argumenta que a falta de dinheiro não permite avanços e defende a descentralização do futebol brasileiro como solução. “Tem que dividir grandes federações de pequenas federações. Há normas que servem para eles (dirigentes do Sul e Sudeste), mas não para a gente. O pessoal acha que federação não presta, que a CBF não presta, mas não é nada disso. Uns tem condições, outros não”, analisou.
No futebol rondoniense a situação não é muito diferente de Roraima, mas tem um agravante: desde 2009 disputando somente a Série D, o Estado teve desistentes em quatro das cinco ocasiões em que participou da competição, com clubes alegando falta de verba e estrutura. Mesmo com esse cenário, o presidente da Federação de Futebol do Estado de Rondônia (FFER), Heitor Costa, que está há 25 anos no cargo, considera que o futebol local está em um bom momento.
“Quando o Brasil perde de sete, as pessoas falam que querem mudança, mas nós estamos na Copa Verde, estamos na Série D. Para mim está tudo tranquilo. O futebol do Norte está se organizando. Passamos dificuldades, mas estamos em grandes competições, então o momento do futebol no Brasil está bem, está tranquilo. Essa derrota... a Espanha apanhou de 5, então isso não abala”, comparou Costa, minimizando a discussão de renovação do futebol com o fracasso da Seleção.
Deputado federal por Tocantins e presidente da Federação Tocantinense de Futebol (FTF) desde 1991, Leomar Quintalha disse que encarou com surpresa a queda da Seleção Brasileira, encheu a CBF de elogios e defendeu renovação apenas no quadro de jogadores, propondo mudanças nas categorias de base. “Acho que a CBF não errou. Foram contratados dois dos melhores técnicos, escolheram os melhores profissionais e deram as melhores condições. A derrota (7 a 1) foi uma surpresa muito grande, que nos deixou lições de que a filosofia tem que ser mais longa, com investimento na base”, disse.
Presidente da Federação de Futebol do Acre (Ffac) há 30 anos, Antonio Aquino diz que o discurso de mudança no futebol brasileiro só existe em “segmentos da imprensa”. “Todo mundo fala, mas ninguém apresenta solução”, disse. 
“Financeiramente só os cubes que conseguem sucesso são os que têm contrato com a TV, então fica difícil os clubes sobreviverem dentro do necessário”, resume. 
Escândalos no currículo de dirigentes
  Fundamentais na escolha do líder da CBF, os presidentes das federações estaduais recebem cota de R$ 100 mil mensais da entidade máxima do futebol brasileiro desde outubro do ano passado. O valor, que é destinado para a gestão do futebol nas respectivas regiões, teve um reajuste de 100%. Além desse aumento generoso, os dirigentes também gozam de privilégios, como chefiar a delegação brasileira em amistosos Brasil afora. 
A CBF também se mostra flexível quanto a ausência desses cartolas no cargo. Isso porque boa parte deles ocupam outros cargos em paralelo ao comando do futebol em cada Estado. Na Região Norte, em particular, não faltaram conciliações com cargos políticos ao longo dos últimos 20 anos, pelo menos.
Leomar Quintanilha, por exemplo, é ex-senador e atualmente deputado federal de Tocantins. Heitor Costa, odontólogo, foi deputado estadual em Rondônia. 
Roberto Góes, presidente da Federação Amapaense de Futebol, já foi vereador e prefeito de Macapá e também chefiou a delegação da Seleção Brasileira em duas edições da Copa América (2004 e 2007). Dissica Valério, do Amazonas, foi prefeito do município de Eirunepé (a 1.160 quilômetros a sudoeste de Manaus). 
Em meio a esses cargos políticos, a maioria desses dirigentes leva no currículo algum envolvimento com escândalos ou reprovação na prestação de contas do período da gestão. Góes, por exemplo, recebeu um mandado de condução coercitiva na operação ‘Mãos Limpas’ da Polícia Federal em 2010, resultado de investigações de desvio de verbas públicas no valor de R$ 1 bilhão no Governo do Amapá. A reportagem tentou contato com ele por meio do telefone da Federação Amapaense de Futebol, mas ele nunca estava no local. Da mesma forma ocorreu com o dirigente máximo do Pará, Antonio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes.
Dissica critica técnicos
Alvo de vaias da torcida quando aparece em alguns jogos e muito criticado pelo técnico Aderbal Lana, o mais experiente na região, o presidente da Federação Amazonense de Futebol (FAF), Dissica Valério Tomaz, defende que os técnicos da atualidade são os principais responsáveis pelo mau momento. Um dos dirigentes mais próximos do presidente eleito da CBF neste ano, Marco Polo Del Nero, ele revelou que deu até conselhos ao líder.
“Eu conversei com o Del Nero e disse que esses técnicos do nosso País já deram o que tinham que dar. Acho que isso tem que ser mudado, tem que dar oportunidade a novos treinadores, sem vícios, sem nada. Uma pessoa que esteja focada a colocar os melhores talentos que o futebol brasileiro tem”, disse o dirigente.
Há 25 anos no comando da FAF, Dissica pretende concorrer a uma nova reeleição neste ano. Ele revelou, em entrevista concedida ao Portal D24AM, divulgada no dia 12 de janeiro deste ano, que tem disposição “até para correr maratona”. “Mais um mandato não é problema. Quem quiser ser candidato tem que pensar nisso agora, mas precisa ser melhor do que eu”, declarou na época.
Baseado em uma proposta do presidente do Rio Negro, Thales Verçosa, o presidente da FAF tem como plano reunir os clubes, diferentes órgãos e a imprensa em um seminário para discutir os problemas do futebol amazonense. Ele disse, na última sexta-feira, que os convites já foram enviados, mas a reunião ainda não tem data para acontecer.


Disponível em http://new.d24am.com/esportes/futebol/federacoes-norte-reproduzem-inercia/116664. Acesso em 29 de julho de 2014.

O esporte que vendeu sua alma.

Excelente texto produzido por Marcos Alvito publicado na revista Piauí sobre a modernização e comercialização do Futebol inglês. Vale a pena conferir!


http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-15/carta-da-inglaterra/o-esporte-que-vendeu-a-sua-alma

Clubes brasileiros podem fechar as portas por conta de suas dividas milionárias!

Clubes brasileiros podem fechar as portas por conta de suas dívidas milionárias! Quem dera o único problema do nosso futebol fosse o pensamento ultrapassado dos nossos técnicos!

  • Milton Neves
Após o vexame diante da Alemanha, a ordem no futebol brasileiro é que aconteça uma renovação.
Mas, honestamente, quem dera o pensamento ultrapassado dos nossos técnicos fosse o único ou o maior problema do nosso esporte.
Na última sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com representantes de 12 clubes da Série A e uma antiga e preocupante dificuldade voltou à tona.
O valor da dívida dos nossos clubes cresce a cada dia, e não é loucura imaginar que em um futuro não muito distante alguns deles tenham que fechar as portas.
O Botafogo, o segundo que mais deve no Brasil, já até ameaçou deixar o Brasileirão por conta de suas receitas estarem bloqueadas.
Os dirigentes, claro, pedem que Dilma Rousseff prorrogue o prazo que as agremiações têm para quitar os seus débitos com a União.
Mas não seria mais fácil que os clubes usassem o dinheiro que recebem de patrocínio e da cota de TV, que é MUITO, com um pouco mais responsabilidade?
Que apostem na base e, assim, deixem de pagar salários altíssimos para medalhões que já deram o que tinham que dar.
Com isso, seria amenizado o problema financeiros dos clubes e também ajudaria na tal renovação do nosso futebol.
Veja abaixo o gráfico publicado pelo Estadão na última sexta-feira, 25, com o ranking dos clubes que mais devem no país:
Disponível em http://blogmiltonneves.bol.uol.com.br. Acesso em: 28 de julho de 2014.

O esporte Libertador e Biocêntrico


Professor Paulo capela da universidade Federal de Santa Catarina apresenta a concepção do esporte libertador e Biocêntrico. 


Poço sem Fundo

        Não espere por um debate sobre estilo ou modelo de jogo. A CBF tem convicção de que a derrota para a Alemanha foi mesmo um acidente. E eles acontecem. Afinal, como costuma dizer José Maria Marin, "os pentacampeões mundiais não têm nada a aprender, apenas a ensinar".
      A voz do atraso é música para os ouvidos dos cartolas da CBF. No momento em que o futebol brasileiro exigia um inventário sobre o seu gigantesco atraso, Dunga é a solução. O problema é que Marin deve ter ido para casa com a certeza de ter, desta vez, acertado o alvo.
     Não podemos esquecer, porém, que a troca de Mano por Felipão foi obra dele. A ideia, antes da Copa, era se proteger de um possível fracasso. Descarregar a culpa em Felipão, como agora, era mais negócio do que dividi-la com Mano Menezes.
     O tempo passa, o tempo voa e a situação do futebol brasileiro se agrava. Dunga vai melhorar a seleção porque começa do caos, da maior derrota nos 100 anos da equipe nacional. Impossível piorar, apesar das dificuldades.
    Infelizmente, a goleada foi pequena, apenas 7 a 1. Decepcionou-se quem imaginou que uma pancada desse tamanho pudesse desencadear um debate sobre o futebol no país. 
     Mas está tudo bem, o Campeonato Brasileiro é maravilhoso e os clubes não estão quebrados. O único problema é a seleção, agora resolvido com Dunga. Esse poço não tem fundo.

Paulo Caçalde
Jornalista  ESPN

O problema não é (só) a seleção: O Futebol brasileiro perdeu sua capacidade de inovação, que é muito diferente de improvisação

Sai Carlos Alberto Parreira e entra Gilmar Rinaldi. Esse é, pretensamente, o início de uma mudança na seleção brasileira de futebol. E é, também, a prova de que podemos trocar os nomes que forem, mas que nada de fato poderá sofrer alteração.
No dia da humilhante derrota brasileira para a Alemanha, escrevi neste espaço que os 7 a 1 poderiam servir para ensinar o futebol do Brasil que é preciso mudança.
Ao ver as primeiras repercussões sobre a mudança de coordenador de seleções da CBF, fica claro que, mais uma vez, boa parte da mídia simplificou o problema e estamos caminhando para não usar o rolo compressor germânico como espécie de “cantinho do castigo'' para aprendermos a lição.
O problema não é a seleção brasileira de futebol. Ou melhor. Não é só quem dirige a equipe principal do país ou quem coordena todas as seleções que representam a nação.
O enrosco hoje é o futebol praticado no Brasil.
Quem assistiu aos jogos dos últimos dois dias desta volta garganta abaixo do Brasileirão das Séries A e B vê isso com facilidade. Saiu o futebol coletivo, de velocidade, trocas de passes e algumas jogadas individuais e entrou esse amontoado que costumamos chamar de “futebol brasileiro''.
Não há Gallo, Rinaldi ou Guardiola que resolva isso só trabalhando na esfera da seleção brasileira. Continuar pregando renovação baseado na premissa de que talentos brotam naturalmente nessas terras e que falta só um bom treinador para dirigir o time nacional é ignorar o contexto em que o futebol está inserido nos dias de hoje.
O exemplo alemão, que virou moda agora com o título mundial, não vem da conquista de domingo passado, mas de um trabalho de médio e longo prazo, que começou com a renovação de todo o futebol alemão.
Entenda-se por todo a cadeia inteira do futebol: atletas, treinadores, dirigentes, comissão técnica, patrocinadores, governantes, jornalistas e, por fim, torcedores. São esses, a grosso modo, os componentes da indústria do futebol.
Não é apenas o técnico que precisa se reciclar no Brasil. A mídia, os patrocinadores, os torcedores, todos precisam rever seus conceitos.
- Os jornalistas precisam aprender a ver jogo de futebol, e não a considerar sucesso apenas o resultado dentro de campo.
- A mídia, que transmite o evento, precisa entender seu papel na formação de um produto de qualidade. É aceitar sentar e dialogar em vez de usar o fator econômico para não perder o poder e manipular o futebol como quer para continuar a pagar pouco por ele.
- Os patrocinadores, da mesma forma, precisam entender que eles também precisam valorizar e melhorar os seus parceiros.
- Os torcedores são aqueles responsáveis por financiar e fiscalizar o bom andamento do futebol. É o dinheiro dele que dói na hora que há uma má gestão de um clube, quando um atleta vai embora, etc. Se ele paga por isso, precisa cobrar também.
E aí entramos na questão crucial, que é a melhoria daqueles que trabalham diretamente no futebol.
Os atletas, a grosso modo, começaram um movimento ainda desordenado, mas importante, de questionamento e enfrentamento. Baseados na experiência que viveram ao jogar no exterior, começaram a pedir melhores condições de trabalho por aqui.
Os dirigentes aos poucos se qualificam, mas raros são aqueles bem preparados que chegaram ao topo da cadeia. Ainda são os mesmos de 30, 40 anos atrás, que dominam e ditam os rumos do futebol.
E os treinadores são apenas o reflexo dessa cadeia empobrecida. Sem a qualificação do todo, como é possível exigir deles um bom desempenho?
As empresas que são líderes de mercado e conseguem manter-se no topo são quase sempre aquelas que apresentam maior capacidade de inovação. São aquelas que não param no tempo, que estão a todo instante se adaptando às mudanças que o mundo impõe.
Por isso, trocar Parreira por Rinaldi não muda nada. Da mesma forma que dificilmente mudaria muita coisa trocar Scolari por Guardiola (no máximo conseguiríamos jogar um futebol mais coletivo).
O futebol brasileiro perdeu sua capacidade de inovação, que é muito diferente de improvisação. Enquanto não estimularmos a inovação, estaremos fadados a tentar viver de lampejos de improviso. Em 2014 ficou provado que isso não resolve mais.


*Erich Beting passou pela Folha de S.Paulo, foi repórter especial do diário Lance!, criou em 2005 a Máquina do Esporte, veículo pioneiro na cobertura dos negócios do esporte no Brasil e atua como comentarista do canal BandSports. Além disso,  é consultor editorial da Universidade do Futebol. A coluna foi originalmente publicada no blog do autor, no portal UOL.

O GOL QUE PODE SALVAR O FUTEBOL

Quando nos reunimos para decidir quais pontos levaríamos à audiência do Bom Senso com a presidente Dilma Rousseff na próxima segunda-feira (21), a dúvida era saber em que o governo teria agilidade e autonomia para efetuar uma mudança importante. Sabíamos que estatizar o futebol não era, nem de perto, a solução para os nossos problemas.

A maioria das nossas questões sempre emperrou na CBF e em sua má vontade em desenvolver políticas e regulamentos que otimizem a evolução do esporte no país. Aliás, a própria CBF, numa tática de guerra conhecida como deterrência ou "teoria da intimidação", controla seus 47 membros que votam —20 clubes da série A e 27 federações estaduais— explorando, de forma quase ditatorial, um bem público por intermédio de uma entidade privada e dificultando a alternância de poder e o acesso de novas pessoas. Assim, concluímos que, maior do que as demandas do nosso movimento e da nossa categoria, democratizar a entidade é questão vital para que se reconstrua o verdadeiro futebol brasileiro.

Mas como o Congresso Nacional poderia intervir para promover a modernização ou a regulamentação das atividades da CBF que, apesar de arrecadar mais de R$ 400 milhões por ano com a "exploração" da nossa seleção, se ampara no artigo 217 da Constituição, inciso I, que define que as entidades que administram o esporte no país têm autonomia financeira e estatutária?

Nas últimas semanas, antes da derrota brasileira, os grandes clubes de futebol fizeram lobby por uma audiência com a presidente Dilma para pedir que o projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE) seja aprovado com urgência.

O projeto propõe o parcelamento da dívida fiscal dos clubes, mas oculta, sagazmente, a isenção da responsabilidade civil e penal dos dirigentes que cometeram irregularidades. A mencionada dívida decorre do Imposto de Renda e da contribuição à Previdência retida do atleta e não repassadas à União, ou seja, apropriação indébita, crime. Além disso, o projeto é frágil ao tentar garantir que os clubes estejam realmente em dia com suas obrigações fiscais e, principalmente, trabalhistas.

Essa debilidade justifica o desespero dos dirigentes e a pressão da "bancada da bola" para sua rápida aprovação, já que, uma vez garantido o parcelamento, clubes e CBF voltarão a se blindar e não mais discutirão as mudanças estruturais.

Em miúdos, os clubes estão nas mãos da presidente, do Congresso, do parcelamento dos R$ 5 bilhões da dívida. E a tão temida e outrora intocável CBF está nas mãos dos "quebrados" clubes, que, para sobreviver, farão o que for preciso, inclusive peitar a CBF.

O Bom Senso se antecipou e, no encontro anterior com a presidente, em maio, fez um apelo: "Não aprove a LRFE do jeito que está. É preciso aproveitar a oportunidade e exigir dos clubes, em contrapartida pelo parcelamento da dívida (dinheiro público), a regulação e a democratização do estatuto da CBF, limitando o mandato dos dirigentes a quatro anos com apenas uma recondução, dando voz e direito de voto aos atletas, treinadores, árbitros e demais clubes filiados à entidade. Essa diversidade permitirá abordar todas as dimensões e interesses do futebol brasileiro".

Este é o ponto da virada, tornar a entidade mais transparente, com uma visão ampla, menos política e mais técnica. Responsável por investir maciçamente na capacitação de treinadores e gestores, desenvolver licenças e métodos da "escola brasileira" de futebol, investir e profissionalizar o futebol feminino e o futebol de areia, debater e implantar o novo calendário e o verdadeiro Jogo Limpo Financeiro, cujo objetivo não será punir os clubes, mas defender e proteger o nosso futebol.

Essa partida está na prorrogação. Os clubes, a CBF e a bancada da bola estão no ataque. Nosso time conta com você para virar esse jogo.

PAULO ANDRÉ, 30, jogador de futebol, é fundador e um dos líderes do Bom Senso Futebol Clube, associação dedicada a promover reformulações no esporte.

Que a poesia seja nossa bandeira e esporte nacional! Por Luíza Romão.


Teixeira, Marin, a CBF e a necessidade de modernizar nosso futebol

A terrível eliminação da Seleção na Copa do Mundo reforçou o que há muito se dizia: a organização do futebol brasileiro está ultrapassada e presa ao nome de poucas figuras que revoltam o torcedor faz algumas décadas. Impera na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) um sistema que em nada lembra uma instituição democrática e transparente. É preciso mudar.
Por infindáveis 23 anos, a CBF esteve nas mãos de Ricardo Teixeira, ex-genro de João Havelange, que coordenou por 17 anos a Confederação e por outros 24 a FIFA. Depois disso, passou, em 2012, para o comando de José Maria Marin. Marin foi deputado estadual pela ARENA e em 1975 proferiu um discurso contra a TV Cultura,que por muitos é visto como um dos desencadeadores da morte de Vladimir Herzog, ex-diretor de telejornalismo da Cultura, encontrado morto 16 dias depois. Depois disso, Marin ainda foi governador biônico do estado de São Paulo, em 1982. Ah, e bem depois, quando era vice-presidente da CBF, furtou uma medalha na premiação da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Não é de agora que o futebol brasileiro sofre com a desorganização da CBF. Ricardo Teixeira tinha o hábito de falar da Confederação ou da Seleção como “eu”: “Eu tenho 120 milhões em caixa”, ou “Eu tinha que ganhar aquela Copa”, ou “Eu não queria abrir a Copa da Alemanha”, como contou reportagem da Revista Piauí, em 2011. Além disso, defende que nem a população brasileira nem ninguém tem nada a ver com as contas da CBF.
Teixeira pode até ter razão quando diz que a CBF é uma entidade privada, que não recebe dinheiro público e paga impostos – afinal, quando ele assumiu decidiu abrir mão do dinheiro do Estado. Mas não é bem assim. O estatuto da CBF designa a instituição como uma “associação de direito privado”, com “peculiar autonomia quanto à sua organização e funcionamento, não estando sujeita a ingerência ou interferência estatal”, ok. Acontece que a entidade é um tanto atípica. Como afirma o jurista Yves Gandra, “não se trata, a CBF, de entidade civil típica, subordinada que é, em parte, ao Ministério dos Esportes”. E ainda que fosse considerada a mais típica entidade privada, contratos suspeitos podem devem, sim, ser analisados por órgãos competentes.
Na mesma entrevista, Ricardo Teixeira deu seu recado sobre a Copa: “Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Por que eu saio em 2015. E aí, acabou”. No fim das contas, ele acabou saindo antes, em março de 2012.
Havelange, a Ditadura e Saldanha
Outra figura importante para entendermos a história da CBF é João Havelange, presidente da Confederação por quase duas décadas. Era 1970 e a histórica Seleção Brasileira, com Carlos Alberto Torres, Tostão e Pelé estava pronta para voar na Copa do Mundo. Mesmo assim, o treinador que montou e classificou a Seleção para o torneio, João Saldanha, foi demitido dias antes da estreia. O motivo, segundo ele, foi a pressão que sofria para convocar Dario Maravilha. Pressionado por Médici, João Havelange pedia insistentemente a convocação do jogador atleticano para Saldanha. Diz o folclore futebolístico que ele respondeu: “Ele [Médici] escala o ministério, eu convoco a Seleção”. Saldanha foi demitido. Pesava contra ele o fato de ser militante do Partido Comunista Brasileiro.
CPI da CBF-Nike
Em 2001 instalou-se a CPI da CBF-Nike, que investigou o contrato entre a Confederação e a Nike, que veio à público após a Copa do Mundo de 1998, quando suspeitou-se – sem que até hoje tenha havido comprovação ou desmentido – que o atacante Ronaldo teria entrado em campo, mesmo doente, para cumprir um contrato publicitário.
A CPI investigava o contrato, firmado em 1996 e com vigência de 10 anos, por cláusulas “consideradas excessivas em termos de predominância dos interesses da Nike sobre os da CBF, resultando prejudiciais ao futebol brasileiro”. Entre elas, a obrigação de escalar “os oito principais jogadores sob um critério não definido, mas que pode ser o da Nike” e a cessão à Nike do direito de definir os adversários e os locais de 50 jogos amistosos durante dez anos (número reduzido após acordo entre as duas partes).
Modernizar e organizar o futebol
Em um quarto de século apenas duas figuras – nada amistosas – comandaram a Confederação que rege o futebol no país do futebol. Calendários estapafúrdios, más condições de trabalho aos atletas e uma série de outras demandas levaram os próprios jogadores a reagir e criar o Bom Senso FC.
Queremos mudar mais. O plano de governo apresentado pelo PT no dia 5 afirma: “É urgente modernizar a organização e as relações do futebol, nosso mais popular esporte”.

 Artigo publicado na página “Muda Mais”, mantida pelo jornalista e ex-ministro Franklin Martins.

De Moises Campos para Romário

 Moises Campos: Chefe da Segurança da Seleção Brasileira na COPA USA/1994.



  "Deputado Federal ROMÁRIO, bom dia !

Leio hoje no Jornal O Globo, na pagina 06 uma entrevista do Ministro do esporte Al...do Rebelo, com o Título : Pós- 7x1 Hora de Marcar em Cima, que ao final da entrevista ELE DIZ:

"Quando Fui Deputado, consegui no Congresso a Aprovação de uma CPI (da NIKE e da CBF). Ele (Romário) deveria saber os caminhos legais para isso - argumentou. Não sou à favor de que o governo escolha o presidente da CBF ou dos Clubes. Mas , deveríamos ter uma maior participação, maior atuação, JÁ que liberamos verbas."

Deputado Romário, vamos aos fatos, reais:

1º) Quando o Deputado Aldo Rebelo, aprovou à ""INSTALAÇÃO"", da CPI CBF/NIKE, foi realizado um trabalho árduo, incansável, buscando os fatos, à corrupção, mostrando quem na realidade era os investigados, principalmente todos da CBF e da NIKE, Federações, mostrou-se tudo, à caixa preta, o enriquecimento, os esquemas, os patrimônios, veja , tudo com provas cabais, que estão inclusive até hoje, em poder dele.etc;

2º) Quando foi para APROVAÇÃO, o que o POVO BRASILEIRO, assistiu na televisão, direto da TV Câmara, foi um tremendo circo, deputados falando na face dele, "ISTO AQUI NÃO VALE NADA"", e, ele, NÃO, teve voz ativa para ""APROVAR À REFERIDA CPI CBF/NIKE"", como NÃO foi aprovada.

3º) Imediatamente o Senado Federal Brasileiro através dos Senadores, Alvaro Dias e Geraldo Althof, ''INSTALAM À CPI DO FUTEBOL NO SENADO"" , baseada já com dados da CPI CBF/NIKE, e, com um poder de fogo maior, foi feito uma varredura, tudo foi aprovado, com provas cabais, participaram os Órgãos Federais como: Receita, Ministério Público Federal, Policia Federal, Banco Central, COAF, etc., etc, está sim, FOI APROVADA, gerando retorno aos cofres públicos de Milhões de Reais Pertencentes ao Povo Brasileiro, que paga em dia seus Impostos., ainda lentamente está em andamento, gostaríamos muito de ver os envolvidos na CADEIA, e, com a perda de todo PATRIMÔNIO, alcançado com o dinheiro do Futebol Brasileiro Irregularmente.

4º) Romário, o senhor Aldo Rebelo, ESCREVEU, um livro contando toda à realidade da Caixa Preta do Futebol, dos Patrocínios, dos Cartolas, das Federações, do que investigou com o trabalho da CPI CBF/NIKE (provas cabais) MAIS, PASMEM, foi PROIBIDO DE PUBLICAR O QUE ESCREVEU, porquê será? Seria hoje, depois desta lavagem histórica aplicada pela escola alemã em nosso selecionado, o momento para ele publicar o que escreveu em 2001!

5º) Quando os Atletas Pela Cidadania, lutavam pela Aprovação da Medida Provisoria 620, através de brava luta, do Mauro Silva, Raí, Dunga, Hortência, Paula, etc., o que fez o Ministro do Esporte, NADA, jamais, colocou uma sala à disposição dos Atletas Campeões para lutarem pela Moralização do Esporte Nacional, na hora da foto, ele adora estar ao lado do vencedor, EU Moises, fiz à minha parte com apoio do SINDECLUBES, busquei apoio em Brasilia, consegui através do Dr. Cesar Haiachi, à apresentação do Deputado João Dado, que colocou imediatamente seu Gabinete à disposição, inclusive todo seu pessoal, assim como você Deputado Romário, e a Deputada Andréia Zito, sem contar É claro com o Gabinete do Deputado Jerônimo Goergem autor da MP 620.

6º) O Ministro do esporte é sabedor da caixa preta do futebol desde 2001, e, agora fala: Pretendo Fiscalizar o que É de interesse público no que tange ao esporte. Senhor Ministro Não É fiscalizar no que tange à corrupção, o dinheiro , Não, é seu, o dinheiro que banca, e , enriquece estes cartolas, É o dinheiro do Trabalhado Brasileiro, ou seja, do POVO BRASILEIRO. Entendeu, Já tinha que estar fiscalizando, combatendo, mandando para à cadeia, todos aqueles, que o senhor, apresentou as provas cabais, e, que estão escritas em seu livro, que foi proibido de ser publicado com ordem de um cartola do futebol brasileiro, que era seu inimigo, e, hoje é seu amigo. Interessante Senhor Ministro, Nem o seu livro conseguiu publicar, imagina o que você fez até agora pela transparência do esporte nacional, principalmente no FUTEBOL. NADA.

7º) Romário, Se fossemos HEXA, ele Aldo Rebelo, estaria na FOTO sorridente.

8º) No Senado Federal, o Senador Alvaro Dias, sempre colocou à disposição seu Gabinete.

9º) Deputado Romário, É, importante indagar ao Senhor Ministro do esporte, o porquê, ELE, NÃO APOIA Á APROVAÇÃO DE SUA CPI, que ele faça o mesmo, venha à publico e diga,ele não É o Ministro do Esporte que diz: Está tudo certo. Tudo certo o quê Senhor Ministro Aldo Rebelo.: Você anda de Ônibus, Trem, É atendido nos Hospitais do SUS, vai ao Supermercado, etc., VAMOS, parar com à fantasia, à mascara CAIU Senhor Ministro do Esporte: 7x1 !

Romário, à luta continua! Somos DINOS! E nos DINOS NÃO DÃOCUPIM !

Grande Abraço "

Paulo André Convoca através do Facebook


Para não parecer oportunista, apesar de estar lutando publicamente contra as mazelas do nosso futebol há um bom tempo, decidi não escrever sobre o jogo, os sete gols, a comissão técnica, etc.. O resultado da partida e a consequente eliminação do Brasil não alteram, em nada, a minha opinião sobre a crise existencial que arrasa o futebol brasileiro há mais de uma década. Porém, devo confessar que o título, se conquistado fosse, me assustaria na mesma medida de grandeza que me assustou esta impressionante derrota. No fim, a vitória (pela qual eu torci) também não influenciaria a minha análise, apesar de eu saber que passaria os próximos 10 anos falando às moscas, como faz, desde 2002, o meu querido amigo, visionário e fundador da Universidade do Futebol, Prof. Medina.

Nos últimos dois dias muito se falou, muito se escreveu e muito se criticou. O que só fez aumentar o meu temor com relação ao futuro. Digo isto porque este filme é uma cópia fidedigna do que aconteceu na derrota do Santos para o Barcelona, em 2011. Aquele jogo deixou a mesma péssima impressão, de homens jogando contra meninos; causou os mesmos óbvios questionamentos (exaustivamente mastigados pela crítica) e, promoveu uma tentativa de caça as bruxas, mudança de mentalidade e "evolução tática" que em nada resultou. O buraco é muito mais embaixo. Os que dirigem o futebol nacional não deram as caras, se esconderam em ambas oportunidades. Como de costume, evitaram e evitarão ao máximo falar sobre as propostas para o futuro pois não entendem bulhufas do que deve ser feito. Entendem de política, de se manter no poder, de explorar o futebol, de mamar nas tetas da vaca. E como disse o senhor José Maria Marin na primeira reunião do Bom Senso na CBF: “Posso afirmar que não temos nada a aprender com ninguém de fora, principalmente no futebol. Sempre tivemos os melhores do mundo no Brasil. Já vencemos cinco vezes a Copa”.

Ninguém tem necessidade daquilo que desconhece. “Coitado”, ele e seus pares achavam que tudo ia muito bem e que o talento bruto resolveria a questão. Pior, nem fazem ideia de que a Seleção Brasileira é o menor, apenas a ponta do iceberg (incrível dizer isso depois de tomar de 7), dos problemas do nosso futebol.

Devemos aceitar esta derrota como mais uma das muitas importantes lições (sociais e esportivas) que a Copa nos trouxe até aqui. Se a procura por um legado era apenas para justificar o excesso dos gastos públicos, agora passou a ser o último lampejo de dignidade. Então proponho uma solução ao caos, DEMOCRATIZEM A CBF e salvem o futebol brasileiro.

Campeões, Bicampeões, Tricampeões, Tetracampeões, Pentacampeões, vocês que construíram o futebol brasileiro dentro de campo, estão convocados. Precisamos de vocês, precisamos ainda mais dos que já provaram sua capacidade fora de campo, gerindo, planejando, vivenciando o que há de melhor no futebol contemporâneo mundial.

Zico, Tostão, Leonardo, Raí, Cafu, Juninho Pernambucano, Kaká, Ricardo Gomes, Roque Junior, Edmilson, Juninho Paulista, Vagner Mancini, Tite, Paulo Autuori e tantos outros, venham, passou da hora de discutirmos um plano de desenvolvimento nacional do futebol, de criarmos regras e licenças para capacitar os novos treinadores, de formarmos melhor as nossas jovens promessas, de desenvolvermos ou resgatarmos o estilo de jogo brasileiro, de protegermos as boas práticas de gestão, de punirmos os infratores, de trazermos as famílias de volta aos estádios de futebol, etc…

Se a CBF não promove esse debate, montemos a nossa Seleção fora dos gramados para desbancar a paralisia da entidade e desatar os nós das amarras políticas que impedem o desenvolvimento, a transparência e a democracia do nosso futebol.

Não os queremos apenas para que deem a cara e tenham a imagem explorada, como aconteceu com alguns de nossos companheiros nos últimos anos. Queremos sua experiência, sua paixão pelo esporte, sua alma vencedora e incansável para concretizar mudanças significativas a longo prazo. Acadêmicos, cientistas, estudiosos também são bem vindos, o conhecimento de vocês é fundamental na construção de um novo rumo.

À imprensa e ao torcedor, digo: Não esperem milagres, não acreditem em soluções mágicas como uma simples troca de comissão técnica ou o aparecimento de um novo Neymar. Se o planejamento e o trabalho forem executados por pessoas competentes, apaixonadas e com conhecimento técnico em cada uma das diversas dimensões do futebol, ainda assim, levaremos pelo menos 10 anos para chegar lá. Uma caminhada de mil milhas começa com um simples primeiro passo.

PS: Explicarei no próximo texto o que quero dizer com democratizar a CBF, o gol que pode salvar a Copa.

Abs,
PA

POR QUE A TRAGÉDIA DA COPA NÃO AFETARÁ A CBF


Dois meses antes do início da Copa do Mundo, Marco Polo Del Nero foi eleito 
o novo presidente da CBF. As eleições que ocorrem de 4 em 4 anos — inicialmente 
previstas para outubro deste ano — foram antecipadas, estrategicamente, 
para o mês de abril a fim de blindar a CBF contra qualquer mudança em caso de
um eventual fracasso da Seleção Brasileira no Mundial.












Não bastasse a absurda antecipação, a disputa pela presidência da 
entidade é a prova incontestável de que os conceitos de eleições e democracia não pertencem necessariamente a mesma família.

O concorrido pleito foi vencido — pasmem! — pelo único homem que o disputou. 
E a pergunta é: por que apenas um candidato? Será que o cargo mais importante 
desse esporte no país, cuja entidade detém o monopólio sobre a exploração do nosso
 maior patrimônio cultural e arrecada R$350 milhões por ano, é algo tão indesejável assim?
Tudo se explica pelo estatuto social da CBF. É ele que determina a representação 
de apenas 47 homens: os presidentes das 27 federações estaduais e os presidentes dos 
20 clubes da série A. São eles que decidem o futuro do futebol no país. Aliado a isso, 
políticos do futebol se escoram em outra proteção estatutária para jogar um jogo 
só deles. É a chamada cláusula de barreira, ou seja, para concorrer ao cargo de 
presidente da entidade, é necessário contar com o apoio de pelo menos 8 Federações e
5 clubes da Série A. Assim sendo, o futebol brasileiro — apesar do desfecho melancólico 
na Copa de 2014 — deve continuar nas mãos dos mesmos senhores que o trouxeram até aqui.

“Como a natureza sabe, sem diversidade não existe evolução.” — Isaias Raw


A falta de visão que desorienta o nosso futebol é resultado direto deste processo político 
arcaico, em que treinadores, jogadores, árbitros e executivos não têm quaisquer 
instrumentos para incidir nas decisões relevantes do futebol no país.
Se o futebol brasileiro quiser evoluir, a CBF precisa garantir uma representação equilibrada
 de todos os segmentos do esporte. É urgente que a assembleia geral da CBF seja 
composta não apenas por um corpo político-burocrático, mas principalmente pelo setor
 técnico do futebol.

Nada mudará se não democratizarmos o estatuto da CBF.


E você, torcedor brasileiro, que tem perguntado como ajudar, como participar da construção
 do nosso próprio legado da Copa, vá ao estádio nesta quarta-feira — quando recomeça
 o Brasileirão — e leve um cartaz ou uma faixa, pedindo:

Democracia na CBF, já!


Com o seu apoio viraremos esse jogo!

Não deixe de assinar a nossa petição no site: www.bomsensofc.org
Bom Senso Futebol Clube


Por um futebol melhor


para quem joga,

para quem torce,

para quem apita,

para quem transmite,

para quem patrocina.
Por um futebol melhor para todos