Romário, falou e disse!

Fonte: http://blogdojuca.uol.com.br/2013/03/romario-falou-de-novo-e-disse/
O deputado Romário voltou a discursar na Câmara Federal para abordar os escândalos que cercam a CBF.
Abaixo, o discurso integral, com destaques feitos pelo blog, em negrito:
Senhor Presidente e prezados colegas parlamentares:
Não era meu propósito voltar ao assunto nesta semana, mas um novo áudio que está nas redes sociais me motivou vir a esta tribuna para insistir na necessidade urgente de darmos novo rumo à direção geral do nosso futebol profissional.
Nos meus dois últimos discursos, trouxe fartas informações sobre a suspeita gestão do presidente da Confederação Brasileira de Futebol, José Maria Marin, que também preside o Comitê Organizador da Copa do Mundo 2014.
Naqueles pronunciamentos, também insisti no vínculo político do Senhor Marin com regime militar, quando ele era filiado à ARENA, partido de sustentação da ditadura.
Já me referi ao milionário faturamento da CBF em nome da Seleção Brasileira, sem que saibamos o destino do dinheiro faturado em nome de uma instituição que explora os símbolos nacionais, como nossa Bandeira e o Hino.
As suspeitas de irregularidades não se esgotam no Senhor Marin, mas se estendem à diretoria, em especial ao vice-presidente da CBF, Marco Paulo del Nero.
Faço mais esta manifestação, avançando nos graves problemas que envolvem a CBF e, por extensão, o Comitê Organizador da Copa 2014, por dever de ofício e por obrigação política, assim como seguindo os princípios de idoneidade defendidos por meu partido, o PSB.
Começo esta manifestação citando o cronista Juca Kfouri, em seu blog.
(abre aspas)
“José Maria Marin tem sua vida ligada àqueles que sustentaram a ditadura brasileira. Fez discursos publicamente em favor do assassino, sequestrador e torturador Sérgio Fleury. Apoiou os movimentos que levaram a tortura, morte e desaparecimento de centenas de brasileiros. O caso mais notório é do jornalista Vladimir Herzog.” (fecha aspas)
E conclui o jornalista Kfouri, numa manifestação que, com licença, assino embaixo:
(Abre aspas)
“Ora, se a Justiça não consegue processar estas pessoas, como Marin, por conta de uma lei de Anistia torta, não podemos permitir que Marin viva a glória de estar à frente do maior evento mundial da nossa história – a Copa do Mundo”.
No início deste discurso, disse que vinha à esta tribuna motivado pelas revelações de um novo áudio, que circula nas redes sociais.
O áudio ao qual me refiro é de nova gravação atribuída ao Senhor Marin, enviando mensagem a interlocutores.
Surpreendente, caros colegas parlamentares, mas num linguajar típico de gangsters, ele ameaça dois empresários.
E determina que nunca mencionem o nome dele, José Maria Marin, em negócios que parecem muito suspeitos diante do sigilo que exige de todos.
Os dois empresários em questão são, segundo a gravação, os irmãos Balsimelli, donos da BWA, empresa que, também segundo o mesmo áudio, controlam negócios na maioria dos estádios brasileiros.
A eles, os irmãos Balsimelli, José Maria Marin determina – ou implora – para que seu nome nunca seja citado, sob pena de estarem expondo o esquema no qual todos estão envolvidos, entre eles, claro, o próprio Marin e, por extensão, seu vice-presidente, Marco Polo del Nero.
Nesse áudio ao qual me refiro, José Maria Marin também faz clara citação do envolvimento de Marco Paulo del Nero, seu vice-presidente na CBF.
Ou seja, coloca no mesmo saco – com, perdão da expressão – o seu substituto imediato na Confederação Brasileira de Futebol.
Observe bem, Senhor Presidente e caros parlamentares:
Estamos em plena campanha para renovação que se inclua moralidade e credibilidade na diretoria da entidade maior do nosso futebol e, no entanto, o nome que legalmente substitui o presidente, no caso o senhor Del Nero, também é suspeito de envolvimento em falcatruas e negócios nebulosos, que vêm de longa data.
Na verdade, caros Colegas deputados, essa revelação não chega a ser novidade, mas reforça as suspeitas de negociatas nos bastidores do nosso futebol.
Os Senhores devem estar lembrados que em 26 de novembro do ano passado, o senhor Marco Polo del Nero, esse mesmo, presidente da Federação Paulista e vice-presidente da CBF, foi preso pela Polícia Federal.
Na mesma operação, os policiais apreenderam documentos, arquivos e computadores de Del Nero para investigar denúncias de venda de informações sigilosas e prática de crimes contra o sistema financeiro.
Seria oportuno que a Justiça revelasse o teor das investigações que levaram à detenção não um larápio de rua, mas a segunda autoridade na hierarquia do nosso futebol.
Imaginem a vergonha que estamos expostos mundo afora!
Diante desses fatos, observem quem dirige este riquíssimo patrimônio esportivo, o qual tive a honra de representar.
Agora, o mais grave, Senhor Presidente e Senhores Deputados.
O áudio que está na rede e é atribuído ao Senhor José Maria Marin inclui, além dos irmãos Balsimelli, nome de parlamentar desta Casa.
Marin afirma que com tal parlamentar, apoiado por Del Nero, (abre aspas) “estão dominando o Congresso. Eles estão fazendo a lei!” (fecha aspas)
O que significa essa afirmação?
Que “lei” é essa?
A “lei” geral da Copa que atende a interesses promíscuos do Comitê Organizador da Copa, do qual Marin também é presidente?
Ou é uma nova lei que está sendo preparada em surdina nos bastidores da Casa?
Devemos conviver com essas dúvidas ou investigar?
Precisamos saber, Senhor Presidente, se nossas ações estão sendo manipuladas por quadrilhas externas com influência no Legislativo.
Custo crer nesta manifestação envolvendo o Parlamento, pois vem de quem não tem credibilidade pública nem idoneidade para tal acusação, no caso o Senhor Marin.
Mas trata-se de uma citação que nos coloca em alerta e sugere reação imediata.
Por isso estou aqui!
Observem a ousadia ameaçadora desses senhores.
Eles não têm pudor em afirmar que por suas ações dominam esta Casa Legislativa!
Marin fala com seu interlocutor de tal forma autoritário que nos coloca de joelhos diante da corja que ele lidera e, lamentavelmente, controla o nosso futebol.
E que reação tomar diante dessa ameaça que agride frontalmente a principal instituição da democracia brasileira, que é o nosso Congresso Nacional?
Observe bem, Senhor Presidente:
Vinte e cinco anos depois de sancionada a nova Constituição Federal, símbolo maior da redemocratização brasileira, um sujeito que foi servil à ditadura, continua se manifestando como nos tempos em que esta Casa foi fechada pelo regime militar.
Marin continua menosprezando o Congresso Nacional, pois diz claramente que há um “domínio” sobre esta Casa que juramos respeitar.
Hà poucos dias, o Senhor Marin tentou, numa manifestação desastrada na página principal da CBF, na internet, limpar sua imagem desvinculando-a da intimidade que teve com o regime militar.
Não conseguiu.
Agora, com este áudio em que afronta o Legislativo, ele reforça aquela submissão e demonstra continuar se comportando como no seu tempo de político biônico, volta aos idos da ditadura militar, ignorando o regime democrático que felizmente convivemos.
E o que fazer diante dessa agressão antipatriótica vindo de quem tem liderança sobre o nosso maior patrimônio esportivo, a Seleção Brasileira?
Apelo à Mesa da Câmara dos Deputados para que fique atenta a esses fatos. Diante do poder desta instituição democrática não podemos ficar passivos às ameaças.
Sem reação imediata, estaremos concordando com a quadrilha e desmoralizando por vez os nossos mandatos e a instituição que nos orgulhamos pertencer.
Não podemos nos acovardar!!!
Bem sei, Senhor Presidente, que não compete ao governo federal intervir na Confederação Brasileira de Futebol, uma instituição privada, apesar de beneficiada por isenções fiscais.
Mas é com esse presidente que aí está que a Presidenta Dilma Roussef se relacionará por ocasião da Copa das Confederações e Copa do Mundo.
Interessa ao Brasil passar essa imagem de relações institucionais promíscuas entre o Poder Executivo e uma quadrilha de negociatas que diz dominar o Congresso?
Assim, diante desse panorama só resta apelar para que a poderosa Federação Internacional de Futebol intervenha no Comitê Organizador da Copa 2014.
Estamos lidando com pessoas que estão explorando a imagem institucional do país através de uma das mais preciosas marcas do país, que é o nosso futebol.
Por isso, Senhor Presidente, precisamos reagir logo.
Quem sabe o Ministério Público e a Polícia Federal comecem a investigar os áudios disponíveis, suas origens e pessoas envolvidas.
Senhor Presidente:
Este panorama que acabo de narrar expõe uma parte dos bastidores suspeitos da gestão do nosso futebol.
Até aqui, eu abordava sobre os patrocínios recebidos pela CBF em nome da Seleção Brasileira.
Até aqui, eu vinculava o presidente da CBF, José Maria Marin, como o substituto de outro nome suspeito de nosso futebol, Ricardo Teixeira, envolvido em denúncias de evasões de divisas, de sonegação fiscal, enfim.
Mas agora, temos uma suspeita maior, capaz de vincular o senhor Marin à intimidade da Câmara dos Deputados a ponto de afirmar que há um domínio até na execução de leis.
O que mais nos falta, Senhor Presidente, para que a CPI da CBF que protocolei no final do ano passado seja aprovada por Vossa Excelência?
Os fatos estão aí, fartos como demonstrei, que sugerem a instauração imediata da CPI, a fim de que tenhamos clareza, transparência nas ações da instituição maior do nosso futebol e, PRINCIPALMENTE, até que ponto a Câmara dos Deputados está sendo manipulada por essa quadrilha.
Esses fatos ganharam o noticiário internacional e, claro, repercutiram no Palácio do Planalto, a ponto de, numa medida oportuna, afastarem a Presidenta Dilma de possíveis encontros com o Senhor Marin ou quem quer que seja da CBF e do Comitê Organizador da Copa.
Hoje mesmo, o jornal “Valor Econômico”, traz nova versão sobre essas relações.
Reportagem de Caio Junqueira, afirma que (abre aspas)
“Existe uma ampla movimentação que envolve integrantes da própria CBF e da FIFA e com respaldo do governo brasileiro caminha para fazer com que o presidente da entidade, José Maria Marin deixe o cargo antes do previsto e não seja seu dirigente durante a Copa” (fecha aspas)
Diz mais o repórter:
(Abre aspas)
“O presidente da FIFA , Joseph Blatter, e o secretário geral, Jeròme Valcke, puxaram a discussão com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo” – em sua recente reunião em Zurique.
“O sinal foi claro: estão desconfortáveis com sucessivos constrangimentos de Marin na presidência da CBF e do seu papel na organização da Copa”.
Observe, Senhor Presidente, que as denúncias de falcatruas e envolvimentos suspeitos da dupla Marin e Del Nero, já incomodam as autoridades da maior entidade do futebol mundial, a FIFA.
Ou seja, se aqui no Brasil o Palácio do Planalto e o próprio ministro do Esporte, Aldo Rebelo, fecham as portas e o diálogo com o Comitê Organizador da Copa, como Marin e Del Nero podem se sustentar em seus cargos se o evento de 2014 está sendo realizado em parceria com o Governo brasileiro?
Não há mais dúvidas de que o Senhor Marin e seu vice Del Nero já causam instabilidades nos organismos maiores e parceiros dessa empreitada, no caso o governo da Presidenta Dilma e a poderosa FIFA.
Portanto, esta Casa precisa se posicionar, pois de muito conhece sobre essas irregularidades, pois meus discursos são sucessivos demonstrando os riscos aos quais a estrutura do futebol e, por extensão, o Governo Federal estão expostos ao se aliarem a gestores tão nefastos para o nosso esporte.
Era o que tinha a dizer e apelar, mais uma vez, à oportunidade de instalação imediata da CPI da CBF.

Em Cuba...

Entrevista com Paulo Capela, presidente do Iela e Mauri Antônio da Silva, da Associação José Martí. 



Os dois falam da viagem que fizeram a Cuba e os planos para celebrar um dos maiores nomes da América Latina: José Martí.

Eduardo Galeano - A demonização de Chávez

A DEMONIZAÇÃO DE CHÁVEZ 

"Hugo Chávez é um demônio. Por quê? Porque alfabetizou 2 milhões de venezuelanos que não sabiam ler nem escrever, apesar de viverem em um país que tem a riqueza natural mais importante do mundo, que é o petróleo. Eu vivi nesse país por alguns anos e sabia muito bem o que era. A chamam de "Venezuela Saudita" por conta do petróleo. Havia 2 milhões de crianças que não podiam ir às escolas porque não tinham documentos. Aí chegou um governo, esse governo diabólico, demoníaco, fazendo coisas básicas, como dizer "As crianças devem ser permitidas nas escolas com ou sem documentos." E então caiu o mundo: isso é a prova de que Chávez é um malvado malvadíssimo. Já que tens essa riqueza, e graças à guerra no Iraque o petróleo passou a ser cogitado em um preço muito alto, ele quer se aproveitar disso para fins solidários. Quer ajudar os países sul-americanos, especialmente Cuba. Cuba envia médicos, ele paga com petróleo. Mas esses médicos também foram uma fonte de escândalo. Dizem que os médicos venezuelanos estavam furiosos pela presença desses intrusos trabalhando nos bairros pobres. Na época em que eu vivia lá como correspondente da Prensa Latina, nunca vi um médico. Agora sim há médicos. A presença dos médicos cubanos é outra evidência de que Chávez está na Terra de visita, porque ele pertence ao inferno. Então, ao ler a notícia, deve-se traduzir tudo. O demonismo tem essa origem, para justificar a máquina diabólica da morte." - Eduardo Galeano

Memória recuperada...

Jornalista relaciona morte de Vlado a declarações de José Maria Marin contra TV Cultura

 
Redação Comunique-se
A jornalista Rose Nogueira afirmou em entrevista à EBC que o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, intimidava a TV Cultura durante a ditadura militar (1964-1987). Ela integrou a equipe de jornalismo da emissora, dirigida por Vladimir Herzog na década de 1970. A declaração da profissional foi divulgada na noite dessa segunda-feira, 25 de fevereiro.

Em 1975, ano em que Vlado foi assassinado, Marin era deputado estadual pela Arena e fazia discursos sobre o que ele chamava de controle comunista da TV Cultura. “Lembro perfeitamente desses discursos, como a gente da redação ficava apavorada cada vez que esse homem fazia um discurso”, disse Rose. No dia nove de outubro daquele ano, o atual dirigente pediu ação contra a emissora administrada pelo estado de São Paulo"É preciso, mais do que nunca, uma providência, a fim de que a tranquilidade volte a reinar, não só nesta Casa, mas, principalmente, nos lares paulistanos", conforme publicado no Estadão.

Rose atribuiu o assassinato de Vlado às declarações feitas pelo ex-parlamentar e avaliou que Marin não pode continuar à frente de uma entidade representativa do esporte de maior comoção nacional. “Ele tem que ficar longe da CBF. Temos o futebol como esporte nacional (...) Não, a CBF não pode ser dirigida por alguém que pedia a prisão e a repressão de uma emissora, que aliás é estatal, dizendo que havia subversivos comunistas. Essa opinião formada em relação ao ‘A Hora da Notícia’, o nosso telejornal, e ao nosso diretor Vladimir Herzog, inesquecível, contribuiu para essa tragédia”.

A morte de Vlado
Herzog foi convocado para prestar depoimento no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). O comando do Exército divulgou nota oficial informando que, em 25 de outubro de 1975, Vlado tinha se suicidado na cela onde estava preso. O Tribunal de Justiça de São Paulo, entretanto, determinou, em 24 de setembro de 2012, a retificação do atestado de óbito do jornalista, indicando assassinato.

Relações entre Dilma e Marin
O jornalista Juca Kfouri denunciou em seu blog, em 26 de junho do ano passado, que a presidente Dilma Rousseff se recusa a se encontrar com Marin, por ele ter incitado a prisão de Vlado, 16 dias antes da morte do jornalista. O Palácio do Planalto, contudo, nega os motivos citados por Kfouri. 

Ainda no ano passado, durante o sorteio da Copa das Confederações, a presidente sentou ao lado de Marin, também presidente do Comitê Organizador Local da Copa (COL). Na ocasião, o Lancenet ouviu uma pessoa próxima do cartola que considerou o gesto como "um marco". Em discurso, Dilma enfatizou que o Brasil é um país democrático e que respeita os direitos humanos. O comandante da CBF costuma se irritar quando questionado sobre esse tema.