O Goleiro




O goleiro

Também chamado de porteiro, guardametas, arqueiro, guardião, golquíper ou guarda-valas,  as poderia muito bem ser chamado de mártir, vítima, saco de pancadas, eterno penitente ou favorito das bofetadas. Dizem que onde ele pisa, nunca mais cresce a grama. É um só. Está condenado a olhar a partida de longe. Sem se mover da meta aguarda sozinho, entre as três traves, o fuzilamento. Antigamente usava uniforme preto, como o árbitro. Agora o árbitro já não está disfarçado de urubu e o arqueiro consola sua solidão com fantasias coloridas. Não faz gols. Está ali para impedir que façam. O gol, festa do futebol: o goleador faz alegrias e o goleiro, o desmancha prazeres, as desfaz. Carrega nas costas o número um. Primeiro a receber? Primeiro a pagar. O goleiro sempre tem a culpa. E, se não tem, paga do mesmo jeito. Quando qualquer jogador comete um pênalti, quem acaba sendo castigado é ele: fica ali, abandonado na frente do carrasco, na imensidão da meta vazia. E quando o time tem um dia ruim, quem paga o pato é ele, debaixo de uma chuva de bolas chutadas, expiando os pecados alheios. Os outros jogadores podem errar feio uma vez, muitas vezes, mas se redimem com um drible espetacular, um passe magistral, um tiro certeiro. Ele, não. A multidão não perdoa o goleiro. Saiu em falso? Catando borboleta? Deixou a bola escapar? Os dedos de aço se fizeram de seda? Com uma só falha, o goleiro arruína uma partida ou perde um campeonato, e então o público esquece subitamente todas as suas façanhas e o condena à desgraça eterna. Até o fim  de seus dias, será perseguido pela maldição.

Futebol ao sol e a sombra - Eduardo Galeano

Conhecendo Cuba


O documentário abaixo é para divulgar e despertar o interesse de outras pessoas e acadêmicos pelas questões da América Latina (Cuba). O vídeo é uma fala da Luiza, acadêmica do curso de Licenciatura em  Educação Física da UFSC que através das ações educativas do Vitral Latino-Americano de Educação Física, Saúde e Esportes e do IELA está se constituindo em uma educadora sensível  as causas do povo latino-americano. Luiza participou de uma viagem de estudos de 20 dias à Cuba quando, além de conhecer um pouco da cultura local através da organização das brigadas de solidariedade a Cuba, organizadas pela Instituição José Marti de solidariedade, também desenvolveu uma primeira aproximação a seu campo de estudos de Tcc- Trabalho de conclusão de curso- em  que irá realizar um estudo comparativo de como são vividos alguns temas da infância em países da América Latina, sua proposição de estudo tem como objetivo produzir conhecimento para a Educação Física na educação infantil, em especial para a Educação Física infantil no Brasil.    


O GECUPOM na Assembleia Legislativa


Professor da UFSC Paulo Capela faz visita a Assembleia Legislativa de Santa Catarina para divulgação das Jornadas Bolivarianas e para construir uma pauta para tratar tema referente às políticas públicas de esporte e lazer para o Estado, de forma especial ações parlamentares no sentido de que os legados do futebol (Copa de 2014) e dos demais esportes (Olimpíadas 2016) tenham impacto positivo entre as populações mais empobrecidas do Estado. Suas proposições foram recebidas com muito respeito e entusiasmo pelo parlamentar Deputado Sargento Soares e também está sendo agendado reunião com a Deputada Angela Albino e com o Coordenador estadual do PT de Santa Catarina, está também na pauta de visitações o líder da bancada governista na Assembléia Deputado Edson Andrino.




Ampliando o campo de visão da antropologia do esporte


Wagner Xavier de Camargo
Antropólogo e doutorando no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)


Luis Henrique TOLEDO & Carlos Eduardo COSTA (orgs.). Visão de jogo: antropologia das práticas esportivas. São Paulo, Terceiro Nome, 2009. 279 páginas.
Ver, atributo da visão, será reconvertido em olhar, disposição incorporada a partir de treinamentos específicos, que têm sua aquisição nas técnicas social e culturalmente construídas. Embora nasçamos com a capacidade de ver, não vemos indiscriminadamente, mas somente aquilo que somos treinados pelo exercício prático (p. 243).
Essa consideração de Claudemir Santos sobre os treinamentos práticos nas escolinhas de futebol, para que alunos desenvolvam a habilidade não apenas de ver, mas de olhar e "interpretar" a melhor ação ou jogada, serve de mote introdutório desta resenha e perpassa os dez ensaios organizados por Luiz H. Toledo e Carlos E. Costa em Visão de jogo.
Assim como mostrou Alfredo Bosi (1988), que distintos momentos da história do pensamento ocidental podem ajudar a redimensionar nosso conceito de "olhar", a obra em foco destaca que, mais do que uma antropologia do futebol ou dos esportes, temos uma antropologia das práticas esportivas, multifocal, polifônica e polissêmica no tocante às práticas corporais engendradas em ambientes esportivos.
Com exceção do último artigo, os textos reunidos nesta coletânea são sistematizações de estudos anteriores de seus autores - textos de iniciação científica, dissertações de mestrado e trabalho de pós-doutorado -, a maioria vinculada ao projeto quadrianual "Jovem Pesquisador" financiado pela Fapesp. No geral, eles trazem percursos investigativos via práticas etnográficas: arsenal teórico-metodológico singular no escopo antropológico e de fundamental estímulo para jovens investigadores. Uma das características mais interessantes de Visão de jogo é apresentar ao leitor possibilidades aleatórias de leitura. Os artigos são independentes e podem ser lidos em qualquer sequência.

Sugestão de um percurso de leitura
Diante do amplo espectro teórico ali discutido, proponho agrupar os textos por temática ou por complexidade de discussão teórica, quando a aglutinação temática não se interpuser.
Primeiramente, dois artigos sobre voleibol: "Voleibol no interior", de Leonardo Oliveira, e "Voleibol: um espaço híbrido de sociabilidade esportiva", de Juliana Coelho. O primeiro correlaciona o éthos dos voleibolistas com a formação de um estilo próprio de jogar, com vistas a mostrar se, de fato, a forma de praticar esta modalidade em nosso país definiu um "estilo à brasileira" (p. 113). Para tanto, o autor utiliza-se do conceito de Luiz Henrique Toledo (2002), denominado "formas-representações", que basicamente articula a forma do jogar e o plano da representação social e histórica que envolve tal ato. Com base num extenso (em parte desnecessário) resgate histórico das alterações nas regras desta modalidade durante o século XX, o autor conclui que há uma razão simbólica presente no "imaginário brasileiro a respeito da criatividade, da ginga" (p. 137), a qual, por sua vez, incide diretamente na construção do ser esportista no Brasil.
Na sequência, Juliana Coelho introduz a discussão das relações de gênero no esporte. Se a masculinidade está colada à prática futebolística, um "modelo esportivo híbrido" (p. 81) é vinculado ao vôlei, com a predominância de atributos do universo feminino. O mérito deste artigo é exatamente abrir a perspectiva da cena esportiva às pluralidades relacionadas com o sexo e o gênero, campo em geral pouco explorado na área de estudos sociológicos e antropológicos das práticas esportivas.
Exatamente esta é a ponte que leva ao artigo "Jogando em vários campos", de Lara Sthalberg. A autora propõe-se a investigar "qual é o espaço que as torcedoras reivindicam no 'universo futebolístico', como elas o têm conquistado e qual é a imagem que têm delas mesmas, em contraste com a imagem que os homens fazem delas" (p. 142). Assim, acompanhando-as nos estádios e também em seus blogs ou páginas de redes sociais na internet, a autora identifica a visão estereotipada que se formou em torno delas, principalmente por serem consideradas torcedoras "de fora", isto é, aquelas que não têm, supostamente, uma compreensão profunda do esporte como ele é. Por outro lado, ao entrevistar mulheres torcedoras, ela constatou que quando se tornam praticantes, suas opiniões sobre o jogo passam a ser respeitadas, "por ser uma visão 'de dentro', portanto, legítima" (p. 158). Por fim, dois escorregões de Sthalberg precisam ser apontados: o primeiro é tratar todas as torcedoras dentro de uma única categoria (mulher), sem fazer menção a marcadores de diferença (BRAH, 2006) como etnia/"raça", geração, classe social; e, por extensão, nas considerações finais, a autora afirma que gênero deve ser tomado como um método de análise (p. 160), mas não discute esta questão com base em referências importantes da literatura a respeito, como Judith Butler e Tereza de Lauretis.1
Para finalizar o bloco das pesquisas de iniciação científica, o artigo "Futebol e basquete made in Brazil", de Júlio Palmiéri mostra "como se dão as transferências envolvendo atletas profissionais do basquete nacional" (p. 112) para o exterior, numa perspectiva comparada ao futebol. À semelhança do processo de emigração de jogadores de futebol analisado por Carmen Rial (2006), os basqueteiros aprendem o "estilo norte-americano" de jogo a partir de um "contato esportivo-cultural" e introjetam o habitus do esportista de alto nível. A proposta do artigo é muito boa e merece ser levada adiante, talvez sob à luz de pressupostos analíticos de Rial (2008), que examina não só o "projeto de vida" daqueles que emigram com sua família, bem como sua circulação entre os times europeus.
O segundo grupo de artigos evoca o tema do sagrado e do profano em casos singulares. Como introdução e de modo bastante lúdico, "Deus e o Diabo na terra do futebol", de Thiago Oliveira, traz uma interessante e anedótica história das preferências sobre o mascote da equipe do América Football Club. O autor, na realidade, direciona a proposta para a disputa totêmica em relação aos símbolos do clube (diabo ou águia), que, ao longo do tempo, se alternaram como mascote do time. O grande mérito do artigo é ter resgatado para esta área de estudos um autor clássico na antropologia como Lévi-Strauss e sua discussão sobre o totemismo. Embora do ponto de vista teórico não seja "denso", o artigo requer certo background em leituras antropológicas, o que talvez seja um obstáculo para os leitores leigos no assunto.
Em seguida, Reinaldo Aguiar apresenta parte da análise empreendida em sua tese de pós-doutorado em "A sociabilidade esportiva das igrejas Renascer em Cristo e Bola de Neve". A partir dos referenciais de Lévi-Strauss (sobre magia e crença) e de Radcliffe-Brown (sobre religião como ação), o autor adota o paradigma estrutural-funcionalista: "abandona a pergunta sobre a origem e a evolução da religião [para estudar] a função desta e os efeitos que produz sobre o grupo social analisado" (p. 53). A dimensão do simbólico via rito é trabalhada pelos pressupostos analíticos de Clifford Geertz (1989) buscando os subsídios históricos do surgimento de duas igrejas pentecostais. Identificam-se os tipos de performances corporais entre os jovens fiéis para evidenciar o que o autor chama de "esportivização do sagrado" (p. 67). Tal fenômeno ocorre nas duas realidades religiosas etnografadas, mas com destaque para a Igreja Bola de Neve.
Duas abordagens compõem o agrupamento, cujo tema principal é o futebol. Propondo uma leitura historiográfica, Sandro Francischini lança-se num esquadrinhamento da "Era Havelange" e examina o que chamou de "a difícil nacionalização do futebol brasileiro". Artigo denso do ponto de vista histórico, bem redigido e sofisticado na argumentação, transporta o leitor para o centro das turbulências econômicas, políticas e sociais pelas quais passava o Brasil entre os anos de 1971 e 1975,2 trajetória pontuada pelos acontecimentos no universo futebolístico do período. O autor resgata as tensões e os embates entre João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD) entre 1956 e 1974, e os clubes de futebol estaduais, que brigavam por mais vagas no campeonato nacional, bem como os bastidores políticos do projeto de integração nacional que tinha o futebol como alavanca principal de propaganda. O ponto alto do texto é não só a narração dos estratagemas de Havelange para concorrer à presidência da Fifa, mas também a discussão sobre o reordenamento interno do futebol brasileiro e da própria CBD, após seu afastamento em 1974.
Claudemir dos Santos, em "Repensando o estilo à brasileira", propõe uma reflexão sobre o complexo processo de aprendizagem do futebol no Brasil, investigando o âmbito do ensino institucional: as escolinhas de aprendizagem esportiva. Dom, jeito inato e "canhotismo" são elementos que permeiam algumas categorias sociais acerca do "saber jogar futebol", e Santos analisa como eles se entrecruzam com o modelo instituído de ensino-aprendizagem. O autor mostra que o modelo de formação de atletas presente em tais categorias responde tanto às transformações sociais mais gerais na sociedade brasileira, como às mais específicas no âmbito do próprio futebol. Porém, ressalta que isso não significa o fim de um modelo romântico de futebol, mais espontâneo e criativo, para o estabelecimento de outro, mais técnico, racional, no qual a aprendizagem se dá por "camisas de força" do treinamento de rendimento. Reconhece que "essas dimensões coexistem em constante tensão [...], numa negociação intensa e inacabada" (p. 240).
Os dois últimos artigos, de autoria dos organizadores do volume, são, a meu ver, reflexões fundamentais e marcos teóricos referenciais. Em "Torneios universitários", Carlos Eduardo Costa analisa duas competições esportivas universitárias (conhecidas como Intercursos), das quais participara como atleta. A relação esporte-festa é, segundo ele, estruturante das contendas, uma vez que compõe o imaginário e as expectativas tanto dos organizadores do evento, como dos participantes; e somente a partir dessa ambiência festiva/esportiva é que se pode compreender o esporte universitário e as representações sobre ele. Além disso, o autor distingue duas práticas esportivas nos torneios universitários - "tradicionais" e "excêntricas" -, mostrando como as últimas oferecem possibilidades de um esporte distinto do convencional, o que abre caminho para que pensemos alternativas para o próprio modelo esportivo de alto nível.3
Por fim, o artigo de Luis Henrique Toledo, "Estilos de Jogar, Estilos de Pensar", faz um releitura de dois importantes antropólogos que discutem a questão da identidade nacional tendo o esporte como pondo de partida: Roberto DaMatta (Brasil) e Eduardo Archetti (Argentina). Embora a comparação descontextualizada entre estudiosos que vivenciam diferentes realidades possa ser problemática, como admite o autor, a discussão teórica proposta por eles, baseada em suas agendas de pesquisa, fornece importantes pistas para a análise das práticas esportivas. De todos os artigos apresentados na coletânea, este texto é o que mais exige conhecimento de uma literatura específica, mas "certamente levará a uma melhor avaliação das contribuições desses autores na consolidação da área da antropologia das práticas esportivas" (p. 255).

Considerações finais
Visão de jogo pretende ampliar as considerações antropológicas acerca das práticas esportivas a partir de diferentes abordagens analíticas e tendo como pressuposto a diversidade do olhar. À semelhança do que ocorre com nossa capacidade inata de ver, somente conseguiremos olhar além se formos treinados nessa arte. O livro como um todo tem o mérito de nos ajudar nesse sentido, adentrando o universo da antropologia e da análise de outras práticas esportivas que não só o futebol. A obra não opera somente na perspectiva de "ganhar mais mobilidade temática" (p. 15) ao adotar como mote práticas esportivas (em vez de apenas esportes), mas possibilita ampliar nossas próprias percepções sobre o jogo em andamento no campo antropológico dos temas aqui examinados.

Notas
1 Isso denota uma falha comum encontrada nas áreas de Educação e Educação Física, com raras exceções. Butler, por exemplo, na maior parte das vezes, ou não aparece como referencial teórico do gênero, ou é citada "via" Guacira Louro, amplamente conhecida por simplificar a análise proposta por Butler.
2 Intencionalmente ou não, sua narrativa lembra em muito a proposta de Hans Gumbrecht (1999), que também remete o leitor ao passado, mais especificamente ao contexto do ano de 1926.
3 Na literatura queer sobre esportes, tal fenômeno é estudado sob a designação queering in sport, isto é, pensar em que medida o universo esportivo convencional de rendimento pode ser superado por práticas dissonantes ao mainstream (ENG, 2006).

BIBLIOGRAFIA
BOSI, Alfredo. (1988), "Fenomenologia do olhar", in Adauto Novaes (org.), O olhar, São Paulo, Cia das Letras, pp. 65-87.         [ Links ]
BRAH, Avtar. (2006), "Diferença, diversidade, diferenciação". Cadernos Pagu, 26: 329-376.         [ Links ]
ENG, Heidi. (2006), "Queer athletes and queering in sport", in Jayne Caudwell (org.), Sport, sexualities and queer/theory, Londres/Nova York, Routledge, pp. 49-61.         [ Links ]
GEERTZ, Clifford. (1989), "A religião como sistema cultural", in ______, A interpretação das culturas, Rio de Janeiro, Guanabara, pp. 101-142.         [ Links ]
GUMBRECHT, Hans U. (1999), Em 1926: vivendo no limite do tempo. Trad. Luciano Trigo. Rio de Janeiro, Record.         [ Links ]
RIAL, Carmen. (2006), "Futebolistas brasileiros na Espanha: emigrantes porém...". Revista de Dialectología y Tradiciones Populares, LXI: 163-190        [ Links ]
______. (2008), "Rodar: a circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior". Horizontes Antropológicos, 14(30):21-65.         [ Links ]
TOLEDO, Luiz H. (2002), Lógicas no Futebol. São Paulo, Hucitec/Fapesp.     

O futebol nas fábricas

O texto foi retirado da revista da Universidade de São Paulo (USP), do exemplar número 22 da edição do dossiê do futebol que foi publicado em 1994. A autora é Fátima Martin Rodrigues Ferreira Antunes, ela é bacharel e licenciada em ciências sociais e o seu Doutorado e Mestrado foram na área da sociologia. Os temas nos quais ela atua são: futebol, identidade nacional e patrimônio cultural. Sendo que seu Mestrado e Doutorado tiveram relação com o futebol.
Este texto discute como o futebol de clubes de fábricas foi importante para a difusão e a profissionalização do esporte. O clube mais conhecido fundado foi o The Bangu Athletic Club em 1904 e era praticado por funcionários ingleses para que os funcionários se divertissem nos intervalos de serviço. Porém não havia jogadores suficientes, assim foram obrigados a convidar os operários da tecelagem. As empresas tiveram uma grande importância, pois foi através do incentivo financeiro que ela deu aos clubes que os mesmos conseguiram pagar as despesas.
Ao passar do tempo aumentava os adeptos, e só a hora de almoço não era mais suficiente e assim passaram a jogar também nos finais de semanas. O número de clubes aumentava e esses times queriam melhores condições, as empresas deram suporte financeiro para as melhorias necessárias, como por exemplo, bolas de couro, construção de campo ou sede social, uniformes e chuteiras. Porém o clube exigia saber como os recursos estavam sendo usado, assim forma-se o primeiro controle das despesas do clube e inicia o processo de formação da direção dos clubes. As decisões que a direção do clube tomava, precisava passar pelo aval da diretoria da empresa e os principais cargos da direção do clube eram ocupados por diretores ou chefes da empresa, como o cargo de “presidente de honra”. O nível das equipes e o número de jogadores só aumentavam assim as equipes passaram a realizar a seleção de jogadores. Onde só os melhores jogavam, esses recebiam benefícios em sua função na indústria. Ganhavam dispensas para treinar, pois a empresa notou que se a equipe obtivesse resultados expressivos, essa seria uma possibilidade de divulgar a empresa.
Anarquistas e comunistas eram contra o futebol, por achar um “esporte burguês” e assim podendo minar a união e a organização da classe. Estes tentaram de todas as formas desestabilizar o futebol, contudo os funcionários das empresas cada vez mais praticavam o futebol. Entretanto eles foram importantes para a difusão do futebol entre a classe operária, onde os trabalhadores se vinculavam de alguma forma em sindicatos e associações das classes.
A profissionalização do futebol tem seu auge nas décadas de 40 e 50, assim as empresas intensificam o processo de qualificar suas equipes e preferem contratar bons jogadores a bons operários. Com isso os jogadores são valorizados e os operários percebem que no futebol uma oportunidade de melhorar sua condição de vida. Os jogadores queriam chegar aos clubes tradicionais e os clubes das indústrias eram o primeiro passo.  Porém os clubes empresas tinham a vantagem do jogador receber dois salários e terem benefícios no trabalho da fábrica para se dedicar ao futebol.
O jogador mais famoso que surgiu em um clube de fábrica foi Garrincha, iniciou sua carreira em 1949 no Sport Club Pau Grande. Antes de chegar ao Botafogo e a Seleção Brasileira, teve seu emprego na empresa muitas vezes sustentado pelo seu enorme talento com a bola. Pois faltava ao trabalho e brigava com seus colegas de trabalho.
Assim os clubes das fábricas foram importantes para a popularização e profissionalização do futebol, através desses clubes pessoas de classe social menos favorecida tinham a chance de praticar e com isso aumentar os adeptos ao futebol. Esses clubes tiveram importância por revelar novos jogadores para os clubes tradicionais e quando esses atletas encerravam sua carreira, as empresas os acolhiam na empresa e encaixavam eles em alguma função na empresa e no clube. Com isso de alguma forma davam oportunidades a esses ex-atletas na vida pós-futebol.

Curiosidades da bola...


História sobre a origem do apelido porco do palmeiras

Por Gilmar von muhlen, acadêmico de Educação Física da UFSC

A história começa em 1969 durante a realização do campeonato paulista, quando a equipe do Corinthians pediu autorização a federação paulista de futebol (FPF) para inscrever dois jogadores para o lugar do lateral-direito Lidu e o ponta-esquerda Eduardo, que faleceram em um acidente de carro. Porém o prazo para a inscrição de jogadores já havia acabado e assim FPF convocou todos os clubes para uma reunião extraordinária. A condição para que o Corinthians pudesse inscrever os dois jogadores era todos os clubes aceitarem. Contudo teve um voto contra, o do presidente do Palmeiras (Delfino Facchina). O presidente do Corinthians (Wadih Helu) começou a chamar os palmeirenses de “porcos” e com isso a torcida corintiana encontrou uma forma de protestar contra essa “sujeira”.

No clássico seguinte ao fato ocorrido, a torcida corintiana levou um porco e soltou-o antes de começar o jogo no gramado do Morumbi e gritavam “porco”, “porco”. Esse apelido ficou sendo gozação para os corintianos e provocação para os palmeirenses até 1986, quando nas semifinais do campeonato paulista o Palmeiras aplicou uma sonora goleada de 5x1 sobre o Corinthians e a torcida resolveu assumir o apelido de porco. Criaram uma versão baseada nos gritos dos dinamarqueses na Copa do Mundo realizada no México em 1986: Dá-lhe porco/ Dá-lhe porco/ Olê-olê-olê. E desde então os palmeirenses assumiram o apelido oficialmente e acabaram com a azucrinação corintiana que durou 17 anos.

Referências bibliográficas

http://www.futepoca.com.br/2009/04/palmeiras-virou-porco-ha-40-anos.html

http://jornalpatropi.blogspot.com.br/2010/05/de-onde-surgiu-o-apelido-de-porco-para.html