Clubes paulistas e sindicato definem resposta contra violência a jogadores

Inspirado no caso João Vitor, Sindicato dos Atletas consegue acerto: Palmeiras, Corinthians e Santos não jogam em caso de agressão

Após reuniões em Palmeiras, Corinthians e Santos, o Sindicato dos Atletas do Estado de São Paulo definiu um acordo em caso de novas confusões de torcedores com jogadores. Inspirado no caso João Vitor, que brigou com torcedores do Verdão na semana passada e foi agredido, o sindicato conseguiu a adesão dos clubes e ficou acertado que ninguém entrará em campo na rodada seguinte de qualquer campeonato se um jogador se envolver em novo caso de agressão. Apenas o São Paulo ainda não firmou o acordo.

- Através dos representantes de cada clube ficou acertado que se algum jogador do Corinthians, Palmeiras e Santos forem agredidos, estes não entrarão em campo na rodada seguinte. Aguardamos ainda a posição do São Paulo, através do capitão Rogério Ceni, que está ciente da decisão dos outros clubes. Mas, acredito que o São Paulo estará ao nosso lado dando maior apoio ao nosso movimento – afirmou Luis Eduardo Pinella, diretor da entidade.

Representantes do sindicato conversaram com representantes dos três clubes. No Timão, Paulo André e Alessandro foram os responsáveis por transmitir a mensagem ao elenco. No Peixe, Edu Dracena e Arouca foram os escolhidos. Já no Palmeiras, quase todos os jogadores participaram de uma reunião nos vestiários do CT. Apenas o atacante Kleber, afastado pelo técnico Luiz Felipe Scolari, ficou fora.

Outra discussão foi a respeito da pré-temporada para 2012. Os atletas cogitam uma manifestação pacífica para pedir ao menos 20 dias de preparação antes do início dos campeonatos estaduais.

Um ano de Timão: Tite abre o jogo sobre pressão, futuro e até Felipão

Técnico diz que renovação só virá se for campeão, espera carreira em novo
patamar com título nacional e revela que amizade com Scolari, por ora, acabou

Por Carlos Augusto Ferrari São Paulo
 
Há exatamente um ano, Tite trocava a estabilidade de trabalhar nos Emirados Árabes Unidos pela busca da realização profissional. Nem a ameaça dos xeques de acionar a Fifa impediu o treinador de deixar para trás alguns milhões de reais e mergulhar em um Corinthians em crise. Doze meses depois de pisar no CT Joaquim Grava pela primeira vez, entre crises e momentos de euforia, Adenor Leonardo Bacchi tem pela frente as oito últimas rodadas do Campeonato Brasileiro para alçar a carreira ao nível que tanto desejou e renovar contrato.

- Posso dizer que seria uma honra ser convidado a ficar. Sei que isso tudo está ligado ao fim do campeonato. A possibilidade da permanência passa pelo título – afirmou.

Nesta entrevista concedida ao GLOBOESPORTE.COM, em sua casa, na Zona Leste de São Paulo, Tite aposta que a campanha de quando chegou ao Timão no ano passado (cinco vitórias e três empates) será mais do que suficiente para levar o título em 2011. De cara nova desde que decidiu aposentar a imagem carrancuda e fechada, o treinador abre o jogo sobre pressão, apoio da direção, protestos da torcida e sobre o ex-amigo e “mentor” Luiz Felipe Scolari.

- Continua o reconhecimento, mas com o estanque profissional. Agora é o distanciamento. Não temos mais contato.

Com menos de dois meses para o término do Brasileirão, Tite cobra concentração total do elenco, ainda vê a equipe em condições de evoluir e exige Adriano mais magro para ser o complemento que levará o Corinthians ao quinto título nacional.

- Ele é o “plus” para esses últimos jogos.

Assista o vídeo da entrevista na íntegra em:

http://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/noticia/2011/10/tite-faz-um-ano-de-timao-e-diz-que-renovacao-esta-condicionada-ao-titulo.html

Jogo Aberto: Encontros buscam soluções para o futebol gaúcho

Na audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Estado em agosto, para debater o futuro do futebol do interior gaúcho, foi formada a Comissão de Articulação e Planejamento (CAP). Durante as últimas semanas, o assunto vem evoluindo através do encontro dos membros da Comissão, que buscam a qualificação do documento Jogo Aberto, proposto pelo deputado Alexandre Lindenmeyer para fortalecer os clubes e tornar o futebol um indutor das questões sociais. Ao mesmo tempo, o parlamentar tem mantido contatos com representantes do governo no sentido de oficializar o Jogo Aberto e encaminhar soluções que engrandeçam as competições gaúchas, revendo critérios e propondo maior entrosamento entre as partes envolvidas.
As reuniões da CAP buscam um consenso sobre a forma de qualificar a reestruturação dos clubes de futebol do Estado no que se refere à administração, saneamento financeiro e aumento da receita. Ao mesmo tempo, buscam alternativas para políticas que envolvam o futebol como um aglutinador social e construtor da cidadania. É um trabalho que precisa ser feito pensando não apenas nos efeitos imediatos, mas num processo que possa amadurecer as conquistas a cada ano.
Paralelamente aos encontros da CAP, o deputado Lindenmeyer faz contatos frequentes com representantes de estatais, da Casa Civil, empresários e executivos da iniciativa privada para buscar apoio ao projeto. O Jogo Aberto é uma proposta que envolve a todos os segmentos ligados ao futebol. As reuniões da CAP contam com a presença de representantes da Federação Gaúcha de Futebol, dos clubes, de advogados da área esportiva, treinadores e ex-atletas. O espaço de debates está aberto, à disposição de quem queira colaborar. Contatos podem ser feitos com o assessor de esportes do deputado Lindenmeyer, professor Luiz Parise, pelo e-mail parise.sport@hotmail.com .

O ensino dos desportos coletivos


Autor: Lucas Barreto Klein 
Resenha do livro: BAYER, Claude. O ensino dos desportos colectivos. Lisboa: Dinalivro, 1994.

INTRODUÇÃO
            Esta obra tem como objetivo buscar uma aproximação entre a dialética existente nas relações de teoria e prática, que na educação física e na pedagogia esportiva dos jogos coletivos, ainda encontra-se muito distante. Além disso, visa apresentar conceitos que superem uma mera reprodução do desporto de alto rendimento na iniciação esportiva, pois os chamados “princípios operacionais” existentes em todas as modalidades coletivas é que irão regular as atitudes e comportamentos de cada aluno, buscando desenvolver e melhorar variados domínios tais como a inteligência, motricidade, afetividade e muitos outros.

PRIMEIRA PARTE – BASES DUMA EXPERIÊNCIA

1. O transfert
O transfert é definido como o transporte de aprendizagem existente entre uma atividade e outra, ou seja, existe um transfert da aprendizagem sempre que uma atividade modifica outra.
Tipos de transfert:
- Pró-ativo: a atividade anterior modifica a aprendizagem presente
      - Retroativo: a aprendizagem atual modifica os hábitos adquiridos anteriormente

            O conceito determinado pela transferência de aprendizagem nas atividades é bastante discutido no mundo filosófico, e ele pode atuar também como um fator determinante nas escolhas das atividades propostas pelos professores em suas aulas, portanto, a seguir serão apresentados as diferentes teorias do transfert da aprendizagem, do ponto de vista associacionista, globalista e fenômeno-estrutural.

  • Associacionista: Está é uma corrente que busca lidar com exercícios de cunho analítico, tratando elementos afastados do contexto da realidade do movimento, pedagogicamente busca-se retirar as atividades de sua totalidade, acreditando-se que a soma das partes formará um todo efetivo, através da transferência dum exercício a outro.
  • Globalista: Busca uma oposição ao pensamento fragmentado, trabalha-se o todo, onde o aluno que deverá encontrar as soluções para os problemas impostos pelo jogo. Do ponto de vista pedagógico, esta teoria parece muito rica, porém, a pouca variabilidade de situações propostas pelo professor acaba provocando uma estagnação motora dos alunos, pois a partir do momento que o problema do jogo é resolvido não existem mais desafios.
  • Fenômeno-estrutural: Esta teoria não rejeita as anteriores, mas encara as estruturas de uma maneira dinâmica. O fundamental neste pensamento é que o sujeito é quem dará sentido as estruturas com o objetivo de modificá-las, buscando que cada indivíduo possa agir a partir de sua experiência (transfert) na construção de seu ato motor.
 2. Análise estrutural dos desportos coletivos
            Os esportes coletivos têm suas origens nas tradições mais primitivas da sociedade, onde diversos jogos com bola já faziam parte das culturas locais, porém somente no início do século XIX foram constituídos os primeiros registros destas práticas.
            Todas as modalidades coletivas possuem algumas características semelhantes que fazem elas se aproximarem, criando assim as bases de todos os esportes coletivos conhecidos hoje, entre eles, temos o objeto esférico (bola) jogado com as mãos ou com os pés, um terreno demarcado, podendo ser grande ou pequeno, um alvo a atacar ou a defender, variando de acordo com os objetivos dos jogos (parede, círculos, balizas, rede e outros), os parceiros da equipe que ajudam na progressão da bola, os adversários a serem derrotados e as regras a serem respeitadas, estas regras poderiam ainda sofrer variações do mesmo jogo, dependendo da região em que era praticada.
            Esses princípios ocorrem basicamente em duas situações, a primeira é quando a minha equipe possui a posse de bola, portanto sou atacante e devo: conservá-la, progredir com ela, e com meus companheiros, em direção a baliza adversária com o objetivo de marcar o gol, em outra situação, em que a posse de bola esta com o adversário, automaticamente eu me torno defensor e os objetivos se tornam opostos, sendo eles: recuperar a posse da bola, impedir a progressão dos jogadores e da bola para a minha baliza e criar uma proteção no meu campo de jogo impedindo o gol do adversário, desta forma o futsal é fortemente caracterizado como uma constante dialética entre ataque e defesa.

3. Para uma experiência pedagógica
            O desporto coletivo representa uma atividade social e cultural, desta forma, agindo como um excelente meio de educação.
            Ao nível de aprendizagem desenvolveram-se duas grandes correntes pedagógicas: o método tradicional e o método ativo (global). Estas correntes opostas possuem diferentes formas de interpretar o ensino.
            Ainda dentro do ponto de vista pedagógico é possível citar algumas abordagens que influenciaram as didáticas atuantes nos desportos coletivos: abordagem mecanicista, abordagem baseada nas combinações de jogo, abordagem dialética e abordagem centrada na pedagogia das situações.
            O autor da um destaque para uma “pedagogia das intenções” (inspiração fenomenológica) que traz a revalorização do aluno enquanto ser que age, enquanto produtor do seu jogo e construtor do seu futuro, e o método estrutural, desenvolvido através da lógica interna dos jogos (fenômeno-estrutural), cujo objetivo é proporcionar uma prática transferível entre as diversas modalidades a partir das noções táticas individuais e coletivas, sempre se respeitando as características de cada grupo, indivíduo e categorias.

SEGUNDA PARTE – A FORMAÇÃO TÁTICA INDIVIDUAL

4. A defesa
            A defesa começa no exato momento em que a equipe perde a posse da bola, logo, os principais objetivos dela são: a recuperação da bola, impedir a progressão do adversário e proteger a baliza.
            O ato de defender é caracterizado pelas seguintes regras de ação: ser ativo, agir com continuidade e apresentar ajuda (apoio/cobertura).
            Para se construir os aspectos defensivos individuais e posteriormente a defesa coletiva deve-se trabalhar em desenvolvimento a partir da igualdade, superioridade e inferioridade numérica em situações de jogo (próximos do real).

5. O ataque
            Assim como a defesa, o ataque possui princípios que determinam a sua ação, são eles: conservação da bola, progressão e realização do ponto (gol).
            É importante chamar a atenção para que os alunos sejam capazes de perceber a posição da bola, os espaços livres (desmarcação), a situação dos companheiros e a realização da chamada da bola.
            Para se construir os aspectos ofensivos individuais e posteriormente o ataque coletivo deve-se trabalhar em desenvolvimento a partir de situações de superioridade e igualdade numérica em situações de jogo (próximos do real).

6. A didática
            A didática visa à organização sistemática dos conteúdos do ensino, e ela deve ser organizada a partir da lógica interna de cada modalidade, dos princípios operacionaisregras de ação de cada atividade. (ataque e defesa) e das
            O motor que irá conduzir o processo didático está diretamente relacionado na dialética existente entre ataque e defesa, que é característico dos jogos coletivos.
            Desta forma, o autor demonstra que uma opção fenômeno-estrutural, no quadro de uma pedagogia das intenções, alcança o objetivo de desenvolver uma prática transferível pela criança, realizado por ela própria, desta forma colocando o aluno como foco central do processo de ensino-aprendizagem.

TERCEIRA PARTE – OUTROS ASPECTOS DA ATIVIDADE

7. A motricidade
            A motricidade é definida como um pré-requisito ao gesto técnico, portanto deve-se trabalhar uma motricidade rica e diversificada para a criança, para mais tarde especializá-la no gesto desportivo.
            O desenvolvimento da motricidade geral passa pelos seguintes passos: aquisição da coordenação dinâmica geral, estruturação espaço-temporal, descontração dos músculos não necessários para a ação, equilíbrio dinâmico, ritmo e visão de jogo (desprender-se do olhar centrado na bola), o autor chama a atenção para a motricidade aquática, que engloba esta motricidade geral, porém, possui especificidades de desenvolvimentos através dos nados.

8. A preparação física
            Para o desenvolvimento das qualidades físicas é preciso conhecer as características maturacionais de cada indivíduo praticante da modalidade, isto se torna “padronizado” através das divisões em faixas etárias (idade cronológica).
            Existem diversos meios para desenvolver as capacidades de resistência, velocidade, flexibilidade e força, o autor defende que para se realizar um trabalho qualitativo é preciso compreender as questões fisiológicas do exercício, e utilizar estes volumes e intensidades de uma forma específica, ou seja, através de jogos que proporcionem uma melhora técnico/tática, além de desenvolver o condicionamento físico desejado, além desta proposta, o autor apresenta diversas abordagens de trabalho puramente físico (sem bola).

9. A dinâmica da equipe
            Para a construção da dinâmica de uma equipe o autor apresenta como fatores determinantes: o conhecimento da personalidade de seus alunos e uma relação afetiva e respeitosa entre alunos e professores, para desta forma criar um ambiente pedagógico saudável que possibilite uma formação/educação de qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Os desportos coletivos agem enquanto atividades teórico/práticas, proporcionando riquezas incontestáveis, e no plano educativo ajuda a desenvolver no aperfeiçoamento das capacidades físicas, aperfeiçoamento do complexo perceptivo-motor, melhoria no sentido tático a partir dos princípios operacionais. Através de uma formação universal ele busca combater as especializações precoces, e num plano geral, ajuda na formação da consciência de certas necessidades e dos fenômenos inerentes ao convívio social.
            As idéias do autor passam basicamente pelo fato do processo de aprendizagem estar focado no sujeito (aluno), trazendo ele para dentro dos princípios inerentes a prática esportiva, de forma com que este aluno possa compreender a lógica do jogo, e agir conforme as situações vividas, de forma intencional, e não mecânica.

Lutas, combates, MMA e os clubes de futebol brasileiros: a triste e violenta história de quando os dirigentes se curvam ao marketing que topa tudo por dinheiro

Fernando Henrique Blumentritt de Lemos
Guilherme Dutra Antunes
Lucas Barreto Klein
Lucas Matos Mendonça
 Paulo Ricardo do Canto Capela

O presente texto é uma reflexão quanto à relação do universo das lutas desportivizadas com o do futebol empresa que começa a ser hegemônico em relação à tradicional cultura dos clubes associativos de futebol brasileiro, ou seja, cada vez mais os clubes associativos de futebol passam a ser vistos como ambiente de negócios, muito por conta da chegada da era dos mega-eventos esportivos no Brasil, cuja lógica traz uma nova onda de colonização cultural sobre nossas culturas mais significativas, no caso em tela do futebol culturalmente existente e da cultura das lutas e artes marciais.
O que temos visto com a incorporação do MMA (Mixed Marcial Arts – Mix de Artes Marciais) ao “pacote de marketing” dos clubes de futebol do Brasil é fruto da ganância dos clubes em produzir receitas para a “indústria do futebol”. Nos combates promovidos no MMA as lutas apresentam-se sob sua forma desportivizada e descoladas de suas origens enquanto práticas culturais e filosóficas. Nas elaborações teórico-conceituais do GECUPOM/Futebol as lutas enquanto práticas corporais e fenômenos sociais se diferem dos combates.
Para os membros do GECUPOM/Futebol o termo luta é um vocábulo que nos remete ao tipo de ação que os seres humanos empreendem em suas vidas próprias e coletivas para superarem-se a si próprios em suas existências, visto que só cada um é capaz de perceber o quanto está realizando esforços pessoais (lutando) para melhorar-se em função do que se determinou a ser no mundo, em conformidade com suas programações existenciais (realidades de vida). Da mesma forma também nos movimento sociais, o termo luta pressupõe ações de mobilização de coletivos sociais para combater as injustiças praticadas pelos “donos do poder” sobre os despossuídos do mundo. Portanto a luta enquanto categoria antropológica dos movimentos sociais significa a organização social popular para reivindicar e conquistar direitos roubados pelos que defendem os interesses do capital (banqueiros inescrupulosos, políticos, juristas, latifundiários, etc.).
Portanto a essência do conceito de lutas nos indica ações, individuais e coletivas, para o auto-aprimoramento, a promoção da justiça social, ou simplesmente para resistir aos processos de opressão, ou seja, as lutas são ações de libertação e emancipação humana, o que não é o caso de como a luta se apresenta no MMA, ou seja, enquanto combate.
O termo combate para nós do GECUPOM/Futebol indica uma postura de confronto com e por fins menores, é um termo muito utilizado na cultura militar para referir-se a ações bélicas, principalmente para promover a repressão e a violência física ou simbólica contra civis, movimentos sociais e países cujas culturas não se alinham aos interesses econômicos mundiais hegemônicos, portanto, combate diz mais das ações de grupos de poderosos com o fim de imporem seus interesses sobre os demais contextos multiculturais existentes, do que da emancipação humana.
Postas essas considerações, nosso grupo entende que não é possível não deixar de posicionar-se, enquanto um grupo de estudos da cultura popular e do futebol, quanto à nova modalidade de programação que está sendo introduzida no Brasil através do MMA em articulação com alguns clubes de futebol do país.
       Em nosso Grupo temos o entendimento de que os tradicionais clubes associativos populares de futebol do Brasil em seus processos de transformarem-se em clubes empresas vêm perdendo o endereço da história, em muitos deles o lucro e os negócios sobrepujam os interesses mais nobres que inspiraram suas criações.
Seria inimaginável há alguns anos atrás, por exemplo, propor a um dirigente de clube de futebol associativo de nosso país, e ele aceitar, que seus símbolos servissem para a disseminação de eventos que promovessem a violência física e o espancamento explícito de seres humanos sobre o delírio de platéias masoquistas que nem mais se sensibilizam com as implicações do que “assistem”, apenas extasiam-se com o sangue e a tortura imposta pelo “combatente” por quem “torcem” sobre seu adversário.
O MMA promove em escala global um ritual de masoquismo coletivo, infinitamente mais dramático do que os protagonizados pelos gladiadores na pré-história da humanidade, visto o grau de esclarecimento que hoje temos, é um espetáculo tão deplorável quanto às rinhas de galos, evento considerado inadmissível em nosso país por submeter animais a crueldades de espancarem-se até quase a morte (como nos combates de MMA).
Temos presenciado de forma passiva como alguns dirigentes de clube de futebol são capazes de abandonar princípios éticos, humanitários e os próprios princípios culturais do país em nome de mais dinheiro para suas contas, de seus clubes empresas, e o pior, tudo isso sendo orquestrado por empresários inescrupulosos, entre eles Ronaldo “Fenômeno”, ex- jogador de futebol da seleção brasileira e de clubes de futebol populares de nosso país e no exterior, ele, hoje um empresário do marketing esportivo, cuja fama de atleta utiliza para promover sobre si mesmo um verdadeiro suicídio de classe, ao juntar- se com empresas e dirigentes de clubes, num “topa tudo por dinheiro” que o coloca distante das classes populares de onde veio.
Os clubes de futebol e o ex-jogador de futebol Ronaldo “Fenômeno” poderiam utilizar toda a legitimidade popular de que são portadores para causas mais nobres, por exemplo, em prol de promoverem a educação cultural e esportiva para a paz às populações dos clubes de futebol do país. Porém Ronaldinho e alguns dirigentes de clubes têm preferido os caminhos do lucro e do “topar tudo por dinheiro”, assim é que, por “suas mãos” chegam aos clubes de futebol e à sociedade brasileira os espetáculos de violência explicitas do MMA, que em nada condizem com nossa cultura nacional, ou com a boa educação esportiva que preconizamos para as novas gerações quando o tema é luta enquanto prática corporal ou ação na sociedade.
Há tempos atrás os dirigentes de clubes de futebol e seus ídolos (ex-atletas) sabiam que estavam não só administrando “a imagem de seus clubes”, seu patrimônio físico e seus ativos financeiros, mas também e acima de tudo seus símbolos, valores e princípios éticos mais nobres, princípios advindos das mais elevadas tradições culturais, as quais animaram seus fundadores, ex-jogadores e ídolos, valores que eles gostariam de ver perpetuados nas novas gerações: alegria, associativismo, festa, solidariedade, dignidade, cultura de paz, respeito à vida.
Os bons presidentes dos clubes associativos sabiam que precisavam muito mais do que vender produtos utilizando a imagem construída pela história do clube, sabiam que precisavam zelar pela educação cultural, esportiva e a tradição dos seus clubes, eles não “topavam tudo por dinheiro”.
Fidelizar novos e jovens torcedores tinham outro significado para aqueles dirigentes do passado. Não se objetivava que os clubes tivessem apenas mais sócios, mais consumidores de violências, ou apenas mais massas humanas alienadas para consumir produtos dos clubes. Os bons dirigentes estavam muito atentos para a celebração da vida, não atentavam intencionalmente em seus atos administrativos contra a vida. Essa histórica lição tem sido esquecida por alguns novos dirigentes, ex-atletas, pais, dirigentes de Estado e os jovens que se organizam em tornos dos novos clubes de futebol empresa do Brasil. Já não são mais clubes recreativos e nem são mais associativos os princípios que os movem, são muito mais empresas anti-vida e lucrativas apenas!
É possível que os departamentos de marketing dos clubes de futebol brasileiro (a-históricos) tenham convencido dirigentes a celebrarem contratos de seus clubes com os promotores do MMA, como já afirmamos modalidade degenerada das lutas, cujo teor é o de promover combates entre seres humanos com muitos lances de violência e lesões, inclusive, com muitos episódios de sangramentos e que mesmo assim são capazes de despertar, segundo alguns estudos de psicologia de massa, sensações muito primitivas, e acreditem se quiser, gera um prazer masoquista em quem assiste a esses combates, garantindo, com esse mecanismo de psicologia de massa, audiência, e, portanto, através da degeneração da essência da vida, o lucro para seus promotores (empresários, clubes de futebol e a grande mídia).
O triste para nós brasileiros que amamos o futebol é que os mesmos dirigentes que promovem em seus clubes eventos de violência como o MMA, contraditória e sinicamente, são, muitas das vezes, os mesmo que comparecem, sem nenhum constrangimento e com a mesma cara de pau, com a legitimidade que lhes damos através de seus cargos de dirigentes de nossos clubes de futebol, em reuniões com o Ministério Público, ou em programas da mídia, exigindo o fim da violência na sociedade, entre atletas de futebol, torcedores e torcidas organizadas.
       E o fato mais triste ainda para nós é ver que Ronaldo “Fenômeno”, um grande ídolo do futebol brasileiro e mundial, após ter encerrado sua carreira de grande atleta nos campos de futebol e na seleção nacional, hoje opta em prosseguir sendo notícia (prosseguir enriquecendo) através da promoção cultural no cenário brasileiro de inúmeras violências, pois é por sua intermediação, juntamente com alguns dirigentes de clubes de futebol da primeira divisão do Brasil e a mídia oficial que o MMA chega ao país. Ronaldinho é hoje muito mais que um grande ex-atleta, ele é um instrumento ideológico que opera na lógica anti-vida, opera na lógica do mercado global das indústrias transnacionais do esporte, ambos operam contra a sociedade, são instrumentos anti-populares. Ele está tristemente destruindo com seus atos de ganância, tudo aquilo que seu corpo tanto se sacrificou para nos deixar de expressão de alegria como legado ao povo brasileiro.
Chegamos a pensar que suas ações de empresário da violência do MMA é uma forma de vingar-se pelas inúmeras violências que o esporte produziu em seu corpo, é uma burra vingança pelo futebol ter lhe roubado a sua maior alegria, apenas jogar o futebol de forma lúdica e associativa como nos bons tempos do futebol dos clubes associativos brasileiros.           

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

GRUPO DE ESTUDOS EM CULTURA POPULAR DE MOVIMENTO/FUTEBOL (GECUPOM/FUTEBOL)

FLORIANÓPOLIS, OUTUBRO DE 2011

Relato de viagem

No dia 16/09/2011, os integrantes do GECUPOM/FUTEBOL, Fernando Henrique Blumentritt de Lemos, Guilherme Dutra Antunes e Luiz Parise, participaram a convite do deputado estadual pelo estado do Rio Grande do Sul, Alexandre Lindenmeyer a participar da plenária do Partido dos Trabalhadores (PT) da cidade de São José do Norte RS. Esse evento teve como objetivo mostrar como que está sendo visto o esporte no momento na cidade, em especial o esporte amador. Estiveram presentes além do gecupom/futebol, também o presidente do partido na cidade, além do pré-candidato a prefeito do partido.
Diferentes representantes dos mais diversos tipos de esporte da cidade, como o surf, as corridas, a educação física escolar e o futebol, se fizeram presentes além de tomarem a palavra para nos mostrar como que vem passando suas modalidades neste momento. Conseguimos notar um total descaso com estes esportes, onde os seus representantes são verdadeiros guerreiros em buscar em outros locais, apoio para que consigam continuar com seus esportes preferidos na cidade. Assim aproveitaram a oportunidade para mostrarem seus pontos de vista para o professor Luiz Parise, que no momento exerce a função de assessoria esportiva do deputado Alexandre.
Depois de diversos bate-papos com a população, chegamos ao tema do futebol amador na cidade. Futebol esse que era conhecido em todo o estado do Rio Grande do Sul, por sua competitividade, organização, número de times e claro um sucesso entre a população, comprovado pelo alto número de pessoas que compareciam aos estádios. Porém de um tempo pra cá, esse campeonato foi deixando de ter tantos times quanto antes, além de segundo a população que estava presente, a falta de apoio dos órgãos administrativos da cidade, foi a principal causa dessa queda de participantes do campeonato local.
Assim o professor Luiz Parise apresentou ao povo e ao candidato a prefeito da cidade, a necessidade de se criar na prefeitura local uma secretaria municipal de esporte, para que assim possa cuidar diretamente dos esportes como um todo. Onde quem lá esteve conseguiu perceber a importância que a secretaria tem na administração do esporte local. Mostrando assim noções superficiais de administração, aspectos financeiros, fundos de incentivo ao esporte, esporte escolar, de lazer e rendimento, programas e projetos, leis e incentivos.
Após o professor Luiz Parise, os integrantes Fernando e Guilherme apresentaram a população uma pesquisa realizada por seus membros de título “O Futebol Amador de Florianópolis: Uma Aproximação Investigativa”. Onde foi apresentado a população, em especial ao candidato a prefeito e aos integrantes dos clubes amadores de futebol da cidade e daqueles que vivem o esporte em especial, um modelo de organização do futebol amador. Temos que aceitar que são duas realidades muito distintas, principalmente se tratando de questões estruturais e econômicas dos clubes e das ligas que organizam os campeonatos. Porém nosso principal objetivo foi o de mostrar um modelo de organização, que possa futuramente servir de inspiração para a cidade na organização dos campeonatos.
Concluindo, pensamos que esses tipos de evento são de grande valia para o nosso grupo, pois não estamos lidando apenas com pessoas com altos cargos dentro de uma sociedade, mais também este contato com o povo é primordial para a construção de uma sociedade melhor para todos, onde o esporte se faz necessário e é totalmente esquecido por alguns órgãos. Para encerrar uma frase que nos incentivou e foi aplaudida de pé pelos cidadãos de São José do Norte ao ser lida, “A cultura e a luta do povo ainda importam”.